São Paulo, Terça-feira, 29 de Dezembro de 1998
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Consumo só cresce no final do ano, diz produtor

VERENA GLASS
free-lance para a Folha

Luiz Kumagae, agricultor de Paulínia (120 km a noroeste de São Paulo), há 20 anos começou a investir em frutas exóticas e resolveu apostar no cultivo de romã, um produto diferenciado e de pequena oferta no mercado.
Há 15 anos, ele plantou 250 romãzeiras que hoje produzem cerca de 6 t/ano.
Como a romã ainda não tem definido um padrão de qualidade e recebe pouca atenção por parte de melhoristas e pesquisadores, Kumagae e seu pai desenvolveram um processo de seleção próprio, que resultou na produção de uma fruta grande, batizada por eles de romã-rei.
"Fizemos as nossas próprias mudas, que são tiradas de estacas ou sementes, e as nossas frutas têm hoje o tamanho de uma maçã grande", explica Kumagae.
Segundo ele, a venda da sua produção é feita no sistema de consignação.
"A romã é uma fruta que tem mercado garantido apenas no final do ano, por causa das simpatias que se faz com as sementes. Quase 50% da minha produção vai para o Nordeste, e tenho que aceitar os preços que me oferecem", diz o produtor.
Atualmente, a caixa de 4 kg está saindo a R$ 20. Mas, após as festas, os preços chegam a cair 80%, segundo Kumagae.
Muito suscetível a doenças (ela pega quase todas as pragas comuns nas frutas), a relação custo-benefício não é vantajosa.
Para tentar evitar o prejuízo, o agricultor resolveu fazer uma experiência de ensacamento das frutas para protegê-las dos ataques de insetos e pulgões.
A produção de romã de Kumagae ainda é viabilizada pela venda dos outros produtos da propriedade, como a carambola, a goiaba e a laranjinha kin-kan.
"Como exporto parte dessas frutas para a Europa, estou tentando manter a minha produção o mais livre possível de agrotóxicos e adubos químicos. Lá, se tiver um pouco mais de veneno, eles devolvem a mercadoria", explica ele.
Além das plantas de adubação verde, Kumagae usa esterco de animais e faz compostagem na propriedade.
Mas sua estratégia de plantio é bem planejada.
"Há 20 anos, comecei a cultivar a carambola que, na época, era uma fruta muito exótica e de pouco mercado. Hoje, a venda dessa fruta me dá um bom dinheiro, e espero que a coisa se repita com a romã", explica ele.

Características
A planta da romã, um arbusto de porte pequeno e médio, que varia de 3 m a 7 m de altura, se adapta a climas tropicais e subtropicais e até mesmo ao semi-árido.
O melhor clima para a produção é aquele no qual haja frio no inverno e o verão seja quente.
Há ainda regiões com alta umidade e muita chuva que também são adequadas à fruta.
As flores da romã são hermafroditas, ou seja, possuem órgãos reprodutores dos dois sexos.


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