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ANO NOVO
Na mitologia do Irã, ela é considerada a fruta proibida da árvore sagrada
Lendas e mitos veneram a romã
da Reportagem Local
Nativa da Pérsia e domesticada
no Irã há cerca de 2.000 anos a.C.
(antes de Cristo), a romã despertou o interesse no Mediterrâneo,
de onde foi distribuída a outros
países, da Ásia às Américas. Chegou ao Brasil com os portugueses.
Segundo o sociólogo Carlos Alberto Dória, 48, estudioso da cultura da alimentação, para os povos
antigos, como os gregos, os romanos e os persas, havia a concepção
de que a romã era a ponte entre a
mortalidade e a imortalidade.
"O homem apaixonado que comia a romã se tornaria imortal. Já
um deus que a consumia se transformaria em um mortal", diz.
A fruta era tida como símbolo de
amor e fertilidade por causa de
suas numerosas sementes.
"A romã, que muitos acham sem
graça e difícil de ser comida, sempre foi respeitada pelos poderosos.
Reis e bispos a ostentavam nas
suas vestes", diz Nina Horta.
Na mitologia grega, Perséfone,
filha de Deméter e deusa da terra e
da colheita, foi levada para o inferno por Hades, deus das profundezas. Jurou não comer nada no cativeiro. Mas não resistiu a uma romã. Comeu seis sementes.
Quando Hades afinal perdeu
Perséfone para Deméter, teve a
permissão de ficar com ela por seis
meses de cada ano por causa das
sementes. Esses seis meses se tornaram o inverno.
Nicolau Sevcenko, professor de
história da cultura da USP, diz que
na mitologia iraniana, o fruto desejado da árvore sagrada é a romã.
E não a maçã, como foi difundido
pela cultura ocidental.
"Na versão hebraica, há o Jardim
do Éden e a serpente. Na versão
greco-romana, há o Jardim das
Hespérides e o dragão Ladon. No
mito iraniano, o fruto desejado da
árvore sagrada é a romã."
Uso terapêutico
As sementes secas da romã eram
usadas como condimento pelos
antigos e o seu suco como remédio
até o Renascimento.
A fruta é cultivada em muitos
países tropicais, no Líbano, no Paquistão e na Índia, entre outros.
No Oriente Médio, é usada concentrada em pratos salgados, como almôndegas e peixe recheado,
e fresca em saladas, com berinjelas. Tem 32 calorias por 100 g e é
muito rica em fósforo. Possui ainda propriedades terapêuticas e é
usada na medicina popular.
O professor de botânica da
Esalq/USP Walter Radamés Accorsi, 86, especialista em plantas
medicinais, diz que o chá da casca
de romã é indicado para o tratamento de problemas de garganta.
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