São Paulo, terça, 30 de junho de 1998

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Brasil perde corrida da patente

da Agência Folha, em Londrina

Das mais de 250 espécies vegetais que o setor de plantas medicinais do Iapar pesquisa, muitas podem ter seus princípios ativos patenteados por laboratórios estrangeiros.
Mesmo que o país investisse hoje na pesquisa de medicamentos a partir da espinheira-santa ou do ipê-roxo (contra alguns casos de câncer), por exemplo, teria de pagar royalties, pela lei de patentes, para produzi-los.
O caso da espinheira-santa é exemplar. O Japão patenteou propriedades ativas da planta para o combate à dor no tratamento de câncer, e como antiinflamatório, para o combate a úlceras e lesões do estômago.
No tratamento do câncer, seu efeito analgésico seria semelhante ao da morfina, sem causar dependência.
Planta tipicamente brasileira, as duas espécies conhecidas de espinheira-santa só se desenvolvem por aqui.
"Os japoneses terão de comprar matéria-prima do Brasil, mas o registro da patente dificulta a liberação de recursos para a pesquisa de novos medicamentos a partir do seu princípio ativo", afirma Paulo Ribeiro, do Iapar.
Na guerra das patentes, Ribeiro e um grupo de professores de odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (sul do Paraná) podem, no entanto, comemorar.

Contra o mau hálito
A partir da Curcuma zedoaria (planta de origem chinesa, semelhante ao gengibre), eles desenvolveram e patentearam um eficiente medicamento contra a placa bacteriana e a gengivite.
Ribeiro descobriu as propriedades da planta por acaso.
"Notei que o pessoal que trabalhava com a Curcuma gosta de mastigar a raiz da planta. A explicação é que a planta combate o mau hálito", diz.
Ele então se uniu a pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa para estudar a raiz.
O resultado foi um produto eficiente no combate a duas das principais doenças bucais.
O desempenho do medicamento já rendeu à equipe o primeiro prêmio no Congresso Internacional de Odontologia, realizado, em 97, em Buenos Aires, e pode gerar lucros.
A patente do creme à base da raiz, para ser usado em dentifrícios, está sendo cobiçada por empresas multinacionais.



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