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PECUÁRIA
Fora do atoleiro das dívidas, os fazendeiros investem na compra de gado, rações e melhoria genética
Boi ganha tecnologia e foge da crise
SEBASTIÃO NASCIMENTO
da Reportagem Local
Enquanto boa parte da agricultura, atolada em dívidas, vive uma
fase de "vacas magras", os negócios na pecuária de corte estão em
expansão, estimulando os investimentos nas fazendas.
Leilões de animais nas feiras
agropecuárias aquecidos, vendas
de doses de sêmen, de rações e de
sal em alta e aumento no número
do gado confinado são indicadores do otimismo em um setor que
movimenta R$ 13 bilhões/ano.
""Não havia pecuaristas nos protestos em Brasília", diz Antonio
Pereira, presidente da Associação
Nacional dos Produtores e Processadores de Carne e Couro de
Qualidade, sediada em São Paulo.
A entidade representa 300 confinadores, que devem produzir
3,5 milhões de novilhos nos sistemas de confinamento e semiconfinamento este ano, contra 3,2 milhões em 98.
O pecuarista não engrossou a
marcha dos ruralistas, diz Pereira,
porque trabalhou com dinheiro
próprio nos últimos anos, e não
tem dívida. ""Colaborou para essa
situação o fato de o setor ter sofrido um forte ajuste após o Plano
Real, em 94, que afastou da atividade os que mantinham o boi no
pasto como reserva de valor."
Termômetro da pecuária de
corte, as exposições mostram
uma demanda elevada por animais. Em julho, Araçatuba (SP)
vendeu 8.000 lotes (gado de elite e
comercial) e faturou R$ 3 milhões, o dobro da receita de 98.
Em Cuiabá (MT), na Expoagro,
o preço médio do gado de corte
subiu 30% em relação a 98.
Somadas, as grandes feiras
(Araçatuba, Cuiabá, Rondonópolis e Ribeirão Preto), em julho e
agosto deste ano, renderam R$ 6,1
milhões, quase 38% a mais do que
a fatura em 98 (R$ 4,4 milhões).
Fabricante de rações, a Socil comemora um crescimento de 10%
nas vendas deste ano.
""O pecuarista de corte tem
comprado muito. O de leite, quase nada", diz Constantino de
Araujo, diretor da empresa.
Na área de inseminação artificial algumas empresas confirmam o aumento nos negócios.
Caso da Semex, que vendeu 100
mil doses de sêmen de boi de corte até agosto. ""Em todo o ano de
98 foram 40 mil doses", diz Dorival da Cruz, diretor da Semex.
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