São Paulo, Terça-feira, 31 de Agosto de 1999
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PECUÁRIA
Fora do atoleiro das dívidas, os fazendeiros investem na compra de gado, rações e melhoria genética
Boi ganha tecnologia e foge da crise

SEBASTIÃO NASCIMENTO
da Reportagem Local

Enquanto boa parte da agricultura, atolada em dívidas, vive uma fase de "vacas magras", os negócios na pecuária de corte estão em expansão, estimulando os investimentos nas fazendas.
Leilões de animais nas feiras agropecuárias aquecidos, vendas de doses de sêmen, de rações e de sal em alta e aumento no número do gado confinado são indicadores do otimismo em um setor que movimenta R$ 13 bilhões/ano.
""Não havia pecuaristas nos protestos em Brasília", diz Antonio Pereira, presidente da Associação Nacional dos Produtores e Processadores de Carne e Couro de Qualidade, sediada em São Paulo.
A entidade representa 300 confinadores, que devem produzir 3,5 milhões de novilhos nos sistemas de confinamento e semiconfinamento este ano, contra 3,2 milhões em 98.
O pecuarista não engrossou a marcha dos ruralistas, diz Pereira, porque trabalhou com dinheiro próprio nos últimos anos, e não tem dívida. ""Colaborou para essa situação o fato de o setor ter sofrido um forte ajuste após o Plano Real, em 94, que afastou da atividade os que mantinham o boi no pasto como reserva de valor."
Termômetro da pecuária de corte, as exposições mostram uma demanda elevada por animais. Em julho, Araçatuba (SP) vendeu 8.000 lotes (gado de elite e comercial) e faturou R$ 3 milhões, o dobro da receita de 98.
Em Cuiabá (MT), na Expoagro, o preço médio do gado de corte subiu 30% em relação a 98.
Somadas, as grandes feiras (Araçatuba, Cuiabá, Rondonópolis e Ribeirão Preto), em julho e agosto deste ano, renderam R$ 6,1 milhões, quase 38% a mais do que a fatura em 98 (R$ 4,4 milhões).
Fabricante de rações, a Socil comemora um crescimento de 10% nas vendas deste ano.
""O pecuarista de corte tem comprado muito. O de leite, quase nada", diz Constantino de Araujo, diretor da empresa.
Na área de inseminação artificial algumas empresas confirmam o aumento nos negócios. Caso da Semex, que vendeu 100 mil doses de sêmen de boi de corte até agosto. ""Em todo o ano de 98 foram 40 mil doses", diz Dorival da Cruz, diretor da Semex.


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