São Paulo, Terça-feira, 31 de Agosto de 1999
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BOI GORDO
Investimento em manejo, ração e genética permite hoje aos pecuaristas abater animais aos 16 meses
Plano Real força ajuste nas fazendas

da Reportagem Local

A queda da inflação, após o Plano Real, acabou com a especulação no mercado do boi, derrubou os preços da terra e obrigou as fazendas a reduzir seus custos e investir em tecnologia.
""Com o fim da inflação, o pecuarista passou a sobreviver da atividade. Houve um ajuste brutal e todos nós botamos o pé no chão", diz Jayme Miranda, selecionador de nelore em Garça (SP), que também engorda boi em Mato Grosso.
Segundo ele, para obter lucro, o pecuarista foi obrigado a investir em genética, apurar o manejo do gado e enxugar a mão-de-obra, visando reduzir suas despesas.
Também procurou ganhar escala e abreviar o tempo de abate do gado para aumentar a produtividade.
""Hoje há nichos de criação que conseguem mandar os animais para os frigoríficos aos 16 meses de idade, por exemplo, com o peso ideal."
Miranda diz que nunca houve tanta venda de reprodutores como nos últimos anos. ""Foi uma verdadeira explosão."
Para Pedro de Camargo Neto, presidente do Fundepec, a modernização tecnológica da pecuária foi o principal ganho dos últimos anos.
""Não há como negar. Quem se estruturou consegue lucrar com o boi mesmo diante das incertezas da economia."
Camargo mantém o otimismo neste ano, apesar da alta dos preços da alimentação do gado e da seca que castiga há meses os Estados do Centro-Oeste.
""O país deve exportar US$ 1 bilhão em carne bovina até dezembro, dobrando o faturamento do ano passado. Esse desempenho está sendo possível devido ao aumento da produtividade", afirma Camargo.
Na semana passada, a arroba do boi estava cotada em R$ 33 no interior paulista.
Os custos, porém, subiram nos últimos dias, segundo levantamento da Scot Consultoria, de Bebedouro (SP), pressionados principalmente pelos preços da ração. A polpa cítrica aumentou 107% no período de maio a agosto (de R$ 53 para R$ 110).
Com isso, para produzir uma arroba em confinamento, o pecuarista gasta hoje cerca de R$ 32.
""É importante lembrar que a alta ocorreu no final deste mês. Nos meses anteriores da engorda o fazendeiro gastou bem menos", diz Maurício Nogueira, diretor da Scot.
Ele afirma também que outros componentes da planilha de custos, como o boi magro, o transporte e os remédios, não tiveram elevação expressiva.
Nogueira recorda ainda que, em 98, o confinador ""não pagava nada" pela polpa cítrica devido à abundância do produto. ""Os lucros, então, foram bem altos."
"Não são todos os confinadores que fornecem essa alimentação ao gado. Quem substitui a polpa cítrica ganha mais", diz Nogueira.

Explosão de vendas
Jayme Miranda ressalva que não possui ""bola de cristal", mas diz que os invernistas esperam preço de R$ 36/arroba em outubro, ""cotação bem razoável".
Estimulado pela boa fase da pecuária, o mês de setembro é repleto de feiras agropecuárias e de leilões particulares. Uberaba, Goiânia, Uberlândia, Presidente Prudente e Esteio são sedes de grandes exposições. Somadas, deverão faturar R$ 13 milhões nos leilões, onde a predominância do gado de corte na oferta é de 90%.
Merecem destaque também os leilões em fazendas, como o ELS de Nelore Mocho, dia 4 de setembro, em Barretos (SP), e a Liquidação de Gado Nelore Imaven,dia 25, em Bauru (SP).


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