São Paulo, Terça-feira, 31 de Agosto de 1999
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DÍVIDAS
Produtores fazem marcação "homem a homem" no Congresso
Ruralistas mudam tática para conseguir "perdão"

free-lance para a Folha

Derrotados na queda-de-braço com o governo na questão das dívidas agrícolas, os produtores prometem contra-atacar já a partir desta semana.
Reunidos na CNA (Confederação Nacional da Agricultura), que coordenou o caminhonaço que levou produtores de todo o país a Brasília há duas semanas, líderes do setor produtivo resolveram agir em duas frentes.
A primeira é continuar a pressão sobre os congressistas para que o projeto de lei do deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), que propõe o perdão de até 60% das dívidas dos produtores, seja aprovado. Segundo o governo, a aprovação geraria um rombo de R$ 23 bilhões aos cofres públicos
O projeto foi considerado inconstitucional pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Mas a CNA acredita que o parecer pode ser derrubado em plenário.
Para tanto, comissões de agricultores estarão constantemente em Brasília visitando os gabinetes dos deputados federais. A cada semana, até 200 líderes do setor se revezarão na tarefa.
Além disso, em cada Estado será feito um trabalho de mobilização para que, segundo a CNA, "as bases" (grandes agricultores locais) pressionem os deputados em suas regiões.
Outra frente estará atuando sobre a Medida Provisória (MP) apresentada pelo governo como contraproposta.
De acordo com a MP, seriam perdoadas 30% das dívidas abaixo de R$ 10 mil, com prazo de pagamento de até 10 anos.
A CNA quer aumentar o teto para R$ 15 mil (o mesmo do Pronaf, programa destinado à agricultura familiar), além de estender o prazo de pagamento para 20 anos. Querem também que o perdão suba para 40% dessas dívidas.
A tática é modificar a medida fazendo com que os deputados apresentem várias emendas a ela. Já no final da última semana, técnicos da CNA fizeram "vigília" para criar e encaminhar sugestões à Comissão de Agricultura da Câmara, que aprecia a MP.
Até o final da tarde da última sexta-feira, a CNA encaminhou 13 sugestões aos congressistas. Muitos deles, segundo a CNA, eram deputados de esquerda, que ficaram em Brasília para acompanhar a chamada "Marcha dos 100 mil". (FEM)


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