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DÍVIDAS
Produtores fazem marcação "homem a homem" no Congresso
Ruralistas mudam tática para conseguir "perdão"
free-lance para a Folha
Derrotados na queda-de-braço
com o governo na questão das dívidas agrícolas, os produtores
prometem contra-atacar já a partir desta semana.
Reunidos na CNA (Confederação Nacional da Agricultura), que
coordenou o caminhonaço que
levou produtores de todo o país a
Brasília há duas semanas, líderes
do setor produtivo resolveram
agir em duas frentes.
A primeira é continuar a pressão sobre os congressistas para
que o projeto de lei do deputado
Ronaldo Caiado (PFL-GO), que
propõe o perdão de até 60% das
dívidas dos produtores, seja aprovado. Segundo o governo, a aprovação geraria um rombo de R$ 23
bilhões aos cofres públicos
O projeto foi considerado inconstitucional pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da
Câmara dos Deputados. Mas a
CNA acredita que o parecer pode
ser derrubado em plenário.
Para tanto, comissões de agricultores estarão constantemente
em Brasília visitando os gabinetes
dos deputados federais. A cada
semana, até 200 líderes do setor se
revezarão na tarefa.
Além disso, em cada Estado será feito um trabalho de mobilização para que, segundo a CNA, "as
bases" (grandes agricultores locais) pressionem os deputados
em suas regiões.
Outra frente estará atuando sobre a Medida Provisória (MP)
apresentada pelo governo como
contraproposta.
De acordo com a MP, seriam
perdoadas 30% das dívidas abaixo de R$ 10 mil, com prazo de pagamento de até 10 anos.
A CNA quer aumentar o teto
para R$ 15 mil (o mesmo do Pronaf, programa destinado à agricultura familiar), além de estender o prazo de pagamento para 20
anos. Querem também que o perdão suba para 40% dessas dívidas.
A tática é modificar a medida
fazendo com que os deputados
apresentem várias emendas a ela.
Já no final da última semana, técnicos da CNA fizeram "vigília"
para criar e encaminhar sugestões
à Comissão de Agricultura da Câmara, que aprecia a MP.
Até o final da tarde da última
sexta-feira, a CNA encaminhou 13
sugestões aos congressistas. Muitos deles, segundo a CNA, eram
deputados de esquerda, que ficaram em Brasília para acompanhar a chamada "Marcha dos 100
mil".
(FEM)
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