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Medida evitará a perda anual de arrecadação de R$ 2,99 bilhões ao novo governo
Veto de FHC a MP garante mais recursos para Lula
JULIANNA SOFIA
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No último dia de mandato, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso impôs 34 vetos aos projetos da minirreforma tributária,
evitando uma perda anual de arrecadação de R$ 2,99 bilhões ao
governo Luiz Inácio Lula da Silva
e liberando os R$ 5,6 bilhões da
Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) que
estavam vinculados a investimentos em transportes.
Com a aprovação da equipe de
transição do PT, FHC vetou 26
dispositivos da medida provisória
66, mas preservou os artigos que
prorrogam as alíquotas de 27,5%
do IRPF (Imposto de Renda da
Pessoa Física) e de 9% da CSLL
(Contribuição Social sobre Lucro
Líquido), justamente os que asseguram maior arrecadação em
2003, prevista em cerca de R$ 2 bilhões para o governo federal.
O projeto de lei que eleva o teto
da Cide de R$ 0,50 para R$ 0,86 teve oito dispositivos vetados. O
principal deles vinculava 75% dos
recursos arrecadados com a Cide
para investimentos em transportes. Com o veto, o governo Lula
poderá remanejar livremente R$
5,6 bilhões da Cide, inclusive para
gerar superávit primário (economia de despesas para pagamento
de juros da dívida).
Os vetos -que podem ser derrubados pelo Congresso por
maioria absoluta (257 deputados
e 41 senadores)- representam
uma quebra do acordo fechado
com a oposição para aprovação
da minirreforma, que já havia garantido uma receita extra de R$ 5
bilhões. Para votar a MP 66, PFL e
outros partidos impuseram a
aprovação de diversos dispositivos que alteravam a medida.
Refis
Os vetos atingiram duas das
principais reivindicações dos partidos: a reabertura do Refis (Programa de Recuperação Fiscal) e o
Simples 3, sistema simplificado de
cobrança de impostos de pequenas e micro empresas.
O Simples 3 beneficiaria oito setores da economia, como creches
e escolas de ensino fundamental,
pequenas clínicas e hospitais, empresas de softwares, agências lotéricas e de correios. Segundo a Receita Federal, somente a aprovação do Simples 3 levaria a uma
perda de receita de R$ 1,4 bilhão.
No caso do Refis, a Receita argumenta que a reabertura do prazo
para adesão ao Refis "privilegiaria
a inadimplência e implicaria grave injustiça para aqueles que se
mantiveram no programa", pagando em dia seus débitos e impostos correntes.
Também foi vetado um dos dispositivos incluídos pelo PFL no
projeto de conversão da MP 66, a
concessão de benefícios fiscais à
Eletronorte. FHC ainda vetou os
artigos da medida que tratavam
da incidência do PIS/Pasep e da
Cofins nas cooperativas, pois provocariam perda de arrecadação.
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