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Para Garotinho, frase é "barbaridade'
CLÓVIS ROSSI
enviado especial a Davos
O governador do Rio de Janeiro,
Anthony Garotinho (PDT), classificou de "uma barbaridade" a
declaração de seu companheiro
de partido Leonel Brizola sobre a
necessidade de "passar fogo" no
presidente Fernando Henrique
Cardoso.
Em rota de colisão com Brizola
há algum tempo, Garotinho tentou, em todo o caso, encontrar
uma justificativa:
"Não acredito que o governador
Brizola tenha sinceramente feito
uma declaração dessas, que não
condiz com o espírito de nosso
partido", aliviou o governador
fluminense.
Só depois acrescentou: "Embora eu considere que o modelo econômico que o país vive seja gerador de muitos problemas sociais,
propor o fuzilamento do presidente é uma barbaridade".
Garotinho diz ter certeza de que
a maioria do PDT não pensa como Brizola, que é presidente nacional do partido, tanto que propõe: "O Conselho Político do partido vai se reunir no dia 17, por
convocação do próprio Brizola,
para discutir candidatura própria
ou coligação com o PT nas eleições municipais. Nessa reunião,
vamos perguntar ao governador
Brizola qual foi o verdadeiro teor
de sua declaração".
Mas a frase é apenas para consumo público. Pelo que a Folhaapurou, Garotinho acredita que
Brizola tenha dito mesmo o que
lhe foi atribuído.
O que, de resto, causou-lhe
constrangimento por ter sido dada no momento em que Garotinho participa de um fórum internacional (o encontro anual 2000
do Fórum Econômico Mundial
em Davos, Suíça). Mais: foi escolhido um dos 100 "líderes globais
de amanhã".
Pertencer ao mesmo partido de
um político capaz desse gênero de
frases não é bom para quem, como Garotinho, foi apresentado
em Davos como candidato presidencial.
Para sorte dele, ninguém em
Davos, salvo os brasileiros, sabe
muito bem o que é o PDT, Brizola
ou o próprio Garotinho.
Disputa
De todo modo, a rota de colisão
entre Brizola e Garotinho até dispensaria divergências em torno
de uma retórica incendiária.
O governador trabalha com a
hipótese de travar uma luta de vida ou morte dentro do PDT até as
eleições municipais.
Nos seus planos, está o lançamento de um manifesto sob o título de "O Novo Trabalhismo",
que define como a busca de um
novo caminho para o trabalhismo, como opção ao novo tipo de
capitalismo que está se implantando no mundo.
Garotinho teme, no entanto, ser
expulso do PDT antes mesmo da
eleição municipal. Acha que o
grupo de Brizola lançará uma
candidatura própria, apenas para
constar e para desafiá-lo, já que
ele se comprometeu, na campanha eleitoral de 1998, a apoiar a
petista Benedita da Silva, vice-governadora.
Se mantiver o compromisso
com Benedita, e o PDT tiver candidatura própria, Garotinho poderia ser submetido a um Conselho de Ética e expulso.
Nesse caso, já definiu uma linha
geral a seguir quanto ao futuro
partidário: só entra em uma agrupação que tenha parentesco com
a sua própria história.
Se for assim, o leque de escolhas
é limitado, porque o governador
do Rio de Janeiro só esteve no
PCB (o antigo Partido Comunista
Brasileiro), no PT e, desde 1983,
no PDT.
No mercado de partidos brasileiros, pouquíssimos têm parentesco com essas três agremiações.
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