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GOVERNO X PT
Segundo o ministro, país "estava indo à breca" no ano passado
Palocci diz a seus críticos no PT que tenta evitar colapso
Alan Marques/Folha Imagem
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José Genoino (esq.), o ministro Antonio Palocci e o deputado Nelson Pellegrino na reunião petista |
GUSTAVO PATÚ
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião fechada com deputados e senadores do PT, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) elevou a voz para responder
às críticas à política econômica e
disse que o país ainda não está livre do risco de uma crise financeira mais grave: "Estamos tentando
-tentando- fugir do colapso",
disse ele, segundo o relato do deputado eleito Chico Alencar (RJ).
A exatidão da frase foi confirmada por uns e contestada por
outros, mas todas as versões
apontam que o ministro apresentou um cenário econômico preocupante para justificar as decisões
de elevar os juros e o aperto fiscal.
Palocci deixou de lado por instantes o bom humor ao ser interpelado pelo deputado eleito Lindberg Farias (RJ), da ala radical,
que disse ver no governo Lula um
aprofundamento das políticas
neoliberais de Fernando Henrique Cardoso. Em resposta, o ministro disse que a economia do
país "estava indo à breca" em outubro do ano passado, enquanto
se definia o resultado eleitoral.
Argumentou que houve melhoras
desde então e desafiou os presentes a oferecerem alternativas.
As medidas poderiam ter sido
ainda mais dolorosas -foi o recado assim entendido por vários
deputados quando Palocci disse
que o governo está tolerando "alguma inflação" para evitar uma
forte recessão e juros maiores.
Na mesma linha, afirmou que o
superávit primário deste ano será
"levemente superior" ao de 2002,
que foi de 4,06% do PIB. E falou
sobre os efeitos de uma guerra no
Iraque, que tende a pressionar as
cotações do dólar e encarecer importações de petróleo.
Mudança
O ministro se aventurou por um
tema delicado para o partido ao
dizer ao presentes que o PT mudou, prometeu honrar os contratos e, graças a isso, venceu. Mais:
afirmou que, com outra política
econômica, Lula não teria credibilidade para fazer o seu discurso
social no Fórum Econômico
Mundial em Davos (Suíça).
A reunião durou duas horas.
Foram permitidas dez perguntas
de participantes sorteados -praticamente todas giraram em torno da alta dos juros, dos cortes de
gastos, da atuação do Banco Central e das relações com o FMI.
O ministro, como sempre, procurou conciliar o discurso ortodoxo voltado para o mercado e o
projeto mudancista do PT. Disse
que o governo será "tradicional"
na macroeconomia, "criativo" e
"progressista" nas políticas de desenvolvimento e "ousado" no comércio exterior.
No capítulo das medidas tradicionais, Palocci usou um eufemismo que virou motivo de deboche
entre os mais inconformados: disse que não haverá cortes no Orçamento, e sim "um ordenamento,
uma contenção inicial".
O ministro desvinculou a decisão de elevar o superávit primário
das imposições do acordo com o
FMI. Segundo seu raciocínio, trata-se apenas de uma decisão lógica de um governo endividado. A
longo prazo, afirmou, a trajetória
é de afastamento do FMI.
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