|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO X PT
Bancada questiona Palocci sobre permanência de Tereza Grossi, ligada ao caso Marka/FonteCindam; ministro pede 30 dias
Petistas cobram saída de diretora do BC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem ser contestada pelo ministro Antonio Palocci, a bancada
petista cobrou com veemência a
saída da diretora de Fiscalização
do Banco Central, Tereza Grossi,
por sua participação no socorro
aos bancos Marka e FonteCindam, em 99. O ministro saiu-se
com um pedido enigmático -o
de adiar a questão por 30 dias.
Grossi, 54, ocupava interinamente a chefia do Departamento
de Fiscalização do BC quando foi
aprovada a venda de dólares a
preços favorecidos aos dois bancos. Sob protestos do PT, tornou-se diretora em 2000. No final de
2001, foi confirmada no cargo, ao
lado dos outros seis diretores da
gestão Armínio Fraga, pelo presidente do BC, Henrique Meirelles.
O caso movimentou a reunião
de ontem entre Palocci e a bancada. Antes do início, circulou um
documento -assinado por "PT
-Núcleo de Base -Servidores do
BC"- em defesa da saída de toda
a diretoria, citando nominalmente Grossi e Carlos Eduardo de
Freitas, responsável pela privatização dos bancos estaduais.
Funcionários do BC presentes
pressionavam deputados como
Geraldo Magela, bancário e candidato derrotado ao governo do
Distrito Federal, a cobrar a saída
de Grossi. Um deles disse ter recebido de João Paulo Cunha (PT-SP), candidato à presidência da
Câmara, a promessa de mudanças na diretoria do BC.
Uma das sorteadas para questionar Palocci, a senadora Ana Júlia (PA) abordou o assunto. Disse
que os princípios éticos sempre
foram uma bandeira do PT e, se
Grossi for mantida no cargo,
questionou se deveria pedir desculpas a ela. A pergunta foi apoiada por quase toda a bancada.
Palocci deu uma mesma resposta para as críticas relativas ao BC
-os petistas também reclamaram do projeto de autonomia da
instituição. O ministro pediu que
as cobranças fossem feitas "pesadamente" dentro de 30 dias,
quando deve ocorrer uma nova
reunião do partido sobre o tema.
"O PT não deve desculpas a ninguém", disse o presidente do partido, José Genoino (SP), fora da
reunião. Genoino considerou a
discussão "secundária".
Grossi, funcionária de carreira
do BC, confirmou à CPI dos Bancos, em 99, que havia partido dela
a solicitação à Bolsa de Mercadorias e Futuros de uma carta relatando o risco de crise sistêmica
com a quebra do Marka e do FonteCindam. O documento, antes,
fora usado pelo governo como
justificativa para o socorro do BC,
que gerou prejuízo de R$ 1,57 bilhão ao Tesouro Nacional.
Quando Grossi, indicada para a
diretoria, foi sabatinada no Senado, a oposição, liderada pelo PT,
abandonou a sessão em protesto.
Procurada pela Folha, Grossi
não quis comentar a reunião do
PT.
(GP e KA)
Texto Anterior: Em família: Alencar diz que dispensará parentes Próximo Texto: Orçamento: Governo terá limite de corte de R$ 10 bihões Índice
|