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São Paulo, sábado, 01 de fevereiro de 2003

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GOVERNO X PT

Bancada questiona Palocci sobre permanência de Tereza Grossi, ligada ao caso Marka/FonteCindam; ministro pede 30 dias

Petistas cobram saída de diretora do BC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sem ser contestada pelo ministro Antonio Palocci, a bancada petista cobrou com veemência a saída da diretora de Fiscalização do Banco Central, Tereza Grossi, por sua participação no socorro aos bancos Marka e FonteCindam, em 99. O ministro saiu-se com um pedido enigmático -o de adiar a questão por 30 dias.
Grossi, 54, ocupava interinamente a chefia do Departamento de Fiscalização do BC quando foi aprovada a venda de dólares a preços favorecidos aos dois bancos. Sob protestos do PT, tornou-se diretora em 2000. No final de 2001, foi confirmada no cargo, ao lado dos outros seis diretores da gestão Armínio Fraga, pelo presidente do BC, Henrique Meirelles.
O caso movimentou a reunião de ontem entre Palocci e a bancada. Antes do início, circulou um documento -assinado por "PT -Núcleo de Base -Servidores do BC"- em defesa da saída de toda a diretoria, citando nominalmente Grossi e Carlos Eduardo de Freitas, responsável pela privatização dos bancos estaduais.
Funcionários do BC presentes pressionavam deputados como Geraldo Magela, bancário e candidato derrotado ao governo do Distrito Federal, a cobrar a saída de Grossi. Um deles disse ter recebido de João Paulo Cunha (PT-SP), candidato à presidência da Câmara, a promessa de mudanças na diretoria do BC.
Uma das sorteadas para questionar Palocci, a senadora Ana Júlia (PA) abordou o assunto. Disse que os princípios éticos sempre foram uma bandeira do PT e, se Grossi for mantida no cargo, questionou se deveria pedir desculpas a ela. A pergunta foi apoiada por quase toda a bancada.
Palocci deu uma mesma resposta para as críticas relativas ao BC -os petistas também reclamaram do projeto de autonomia da instituição. O ministro pediu que as cobranças fossem feitas "pesadamente" dentro de 30 dias, quando deve ocorrer uma nova reunião do partido sobre o tema.
"O PT não deve desculpas a ninguém", disse o presidente do partido, José Genoino (SP), fora da reunião. Genoino considerou a discussão "secundária".
Grossi, funcionária de carreira do BC, confirmou à CPI dos Bancos, em 99, que havia partido dela a solicitação à Bolsa de Mercadorias e Futuros de uma carta relatando o risco de crise sistêmica com a quebra do Marka e do FonteCindam. O documento, antes, fora usado pelo governo como justificativa para o socorro do BC, que gerou prejuízo de R$ 1,57 bilhão ao Tesouro Nacional.
Quando Grossi, indicada para a diretoria, foi sabatinada no Senado, a oposição, liderada pelo PT, abandonou a sessão em protesto.
Procurada pela Folha, Grossi não quis comentar a reunião do PT. (GP e KA)


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