São Paulo, terça-feira, 01 de fevereiro de 2005

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CAMPO MINADO

Segundo a polícia, o líder do MST José Rainha comandou a invasão

Sem-terra invadem fazenda no Pontal do Paranapanema

CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

Um ano e dois meses depois de sair da cadeia, o coordenador do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Jr., 45, voltou a participar diretamente de uma invasão de fazenda no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de SP).
Segundo as polícias Civil e Militar de Mirante do Paranapanema, ele liderou a invasão da fazenda Santa Luzia, localizada no distrito de Cuiabá Paulista, ocorrida na última sexta-feira. O registro da ocorrência, baseado no depoimento do administrador da propriedade, João Pereira da Silva, foi feito no final de semana.
O funcionário disse que o grupo, "liderado por Rainha e outros", chegou ao local com dois caminhões, um ônibus e vários carros particulares. Os sem-terra quebraram o cadeado da porteira, entraram na fazenda e montaram um acampamento com barracos.
Até o final da tarde de ontem, segundo a PM, 150 pessoas estavam acampadas na área. Outras famílias estão se mudando para o local, onde o MST espera reunir mais de 500 militantes até o final desta semana.
Essa foi a primeira invasão liderada por Rainha após permanecer 121 dias preso em 2003. Ele havia sido condenado a cinco anos e quatro meses de prisão por, entre outros crimes, porte ilegal de arma, furto e formação de quadrilha durante a invasão da fazenda Santa Rita, ocorrida em 2000.
Desde sua libertação, o líder sem terra evitava participar diretamente de invasões temendo represálias da Justiça. Ele apenas visitava os acampamentos dias depois das invasões. Rainha não foi encontrado pela reportagem para falar sobre o assunto.
A coordenação do MST confirmou a invasão, mas não se pronunciou sobre a participação de Rainha. Segundo Cledson Mendes da Silva, coordenador nacional do movimento, a área é devoluta e improdutiva: "O governo está negociando essa fazenda para fins de reforma agrária", disse.
A informação não foi confirmada pelo governo do Estado de São Paulo. De acordo com a assessoria de imprensa da Fundação Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), o órgão adota a política de não revelar informações sobre as áreas em negociação para "preservar os proprietários".
Ainda segundo o instituto, a fazenda, de Josefina Ana Pattini Mazzoni e filhos, tem 1.257 hectares e não está sofrendo ação discriminatória (para identificar se é devoluta ou não).


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