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CAMPO MINADO
Segundo a polícia, o líder do MST José Rainha comandou a invasão
Sem-terra invadem fazenda
no Pontal do Paranapanema
CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM
PRESIDENTE PRUDENTE
Um ano e dois meses depois de
sair da cadeia, o coordenador do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Jr., 45, voltou a participar diretamente de uma invasão de fazenda no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de SP).
Segundo as polícias Civil e Militar de Mirante do Paranapanema,
ele liderou a invasão da fazenda
Santa Luzia, localizada no distrito
de Cuiabá Paulista, ocorrida na
última sexta-feira. O registro da
ocorrência, baseado no depoimento do administrador da propriedade, João Pereira da Silva, foi
feito no final de semana.
O funcionário disse que o grupo, "liderado por Rainha e outros", chegou ao local com dois
caminhões, um ônibus e vários
carros particulares. Os sem-terra
quebraram o cadeado da porteira,
entraram na fazenda e montaram
um acampamento com barracos.
Até o final da tarde de ontem,
segundo a PM, 150 pessoas estavam acampadas na área. Outras
famílias estão se mudando para o
local, onde o MST espera reunir
mais de 500 militantes até o final
desta semana.
Essa foi a primeira invasão liderada por Rainha após permanecer
121 dias preso em 2003. Ele havia
sido condenado a cinco anos e
quatro meses de prisão por, entre
outros crimes, porte ilegal de arma, furto e formação de quadrilha
durante a invasão da fazenda Santa Rita, ocorrida em 2000.
Desde sua libertação, o líder
sem terra evitava participar diretamente de invasões temendo represálias da Justiça. Ele apenas visitava os acampamentos dias depois das invasões. Rainha não foi
encontrado pela reportagem para
falar sobre o assunto.
A coordenação do MST confirmou a invasão, mas não se pronunciou sobre a participação de
Rainha. Segundo Cledson Mendes da Silva, coordenador nacional do movimento, a área é devoluta e improdutiva: "O governo
está negociando essa fazenda para
fins de reforma agrária", disse.
A informação não foi confirmada pelo governo do Estado de São
Paulo. De acordo com a assessoria
de imprensa da Fundação Itesp
(Instituto de Terras do Estado de
São Paulo), o órgão adota a política de não revelar informações sobre as áreas em negociação para
"preservar os proprietários".
Ainda segundo o instituto, a fazenda, de Josefina Ana Pattini
Mazzoni e filhos, tem 1.257 hectares e não está sofrendo ação discriminatória (para identificar se é
devoluta ou não).
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