São Paulo, quinta-feira, 01 de fevereiro de 2007

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Painel

VERA MAGALHÃES (interina) - painel@uol.com.br

PSDB com a bola

Ao desencadear a chamada "guerra dos blocos", Aldo Rebelo (PC do B-SP) pode ter jogado, novamente, o PSDB no colo de Arlindo Chinaglia (PT-SP) num possível segundo turno. O petista conta com o apoio dos tucanos pelo fato de ter cedido a eles a primeira vice-presidência da Casa -pela nova divisão de forças, o posto caberia ao "blocão" liderado por PT e PMDB.
A questão divide, mais uma vez, os caciques tucanos. Aécio Neves (MG), aparentemente, trabalha por Aldo, mas libera aliados, como Nárcio Rodrigues, para pedir votos para Chinaglia. José Serra (SP) tem dito que não orientará votos, mas os deputados sob sua influência também negociam com o candidato petista. A ala ligada a FHC defende voto fechado em Aldo.

Mundo ideal. Cientes de que serão responsabilizados por uma eventual vitória de Chinaglia contra Aldo, os tucanos sonham com o cenário em que Gustavo Fruet (PSDB-PR) ganhe votos no PFL e passe ao segundo turno.

Mapa da guerra. A confusão na formação de blocos ontem era tanta que o "chinaglista" Mario Negromonte (PP-BA) teve de recorrer a um assessor: "O PV é do nosso bloco ou do time do Aldo?"

Mercado futuro. Ao cruzar com Davi Alcolumbre (PFL-AP) no corredor, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) disparou: "Vote no Chinaglia. Me ajude, porque serei ministro e vou poder ajudá-lo".

Reabilitado. A formação do megabloco capitaneado por PMDB e PT foi arquietada pelo ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP), que sai da quarentena pós-mensalão e retoma a articulação política no partido.

Me inclua. O PTC, do deputado Clodovil Hernandez (SP), foi o último a aderir ao bloco de Chinaglia. O deputado Carlos Willian (MG) chegou esbaforido às 11h55, cinco minutos antes do prazo final.

Mandinga. Gustavo Fruet recebeu ontem a visita de um pai de santo em seu gabinete. Depois de jogar búzios, ele previu a vitória do tucano.

Revés. A indicação de Ciro Nogueira (PP-PI) para a segunda secretaria é uma derrota para Chinaglia. O petista alardeou que seria sua "missão" excluir o atual corregedor, aliado de Aldo, da Mesa.

Paradoxo. Estudo encomendado à Fundação Getúlio Vargas para apontar caminhos de redução de gastos na Câmara custou R$ 210 mil.

Mea-culpa 1. Assessor especial de Lula, Marco Aurélio Garcia diz que se arrepende por não ter tido mais cuidado na relação com PC do B e PSB. "Houve exacerbação dos partidos aliados, inclusive no discurso anti-petista."

Mea-culpa 2. Garcia afirma que, agora, é preciso fechar as feridas. "Vamos ter de fazer um esforço grande. Precisamos ver se esse episódio foi suficiente para abalar uma relação histórica", diz.

Lista de espera. Aliados de José Agripino (PFL-RN) na disputa pela presidência do Senado tentavam ontem obter o apoio de insatisfeitos com o que chamavam de "overbooking de promessas" de Renan Calheiros (PMDB-AL). Favorito, o presidente da Casa teria feito as mesmas ofertas para vários senadores.

Musa. Alvejada por setores do governo, Marina Silva continua com cacife alto no exterior. A ministra do Meio Ambiente receberá hoje da ONU o prêmio "Campeões da Terra", juntamente com Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA.

Reticente. O grupo de Tarso Genro no PT obteve a assinatura de três governadores para o manifesto que pretende divulgar no sábado, como preparatório para o Encontro Nacional: Marcelo Déda (SE), Binho Marques (AC) e Ana Júlia (PA). Jaques Wagner (BA) ainda não aderiu.

Tiroteio

"Depois de fazer ameaças e de tentar chantagear os tucanos, o PT quer passar por bom moço e dizer que está cedendo espaço para o PSDB. Isso não cola, cheira a desespero".
Do líder do PFL na Câmara, RODRIGO MAIA (PFL-RJ), apoiador de Aldo Rebelo, sobre a estratégia de Arlindo Chinaglia de garantir ao PSDB a vice-presidência da Casa em troca de apoio na eleição de hoje.

Contraponto

Concorrência desleal

Os líderes partidários e os integrantes da Mesa Diretora da Câmara se reuniram ontem para acertar as regras da eleição da Casa, que ocorre hoje.
Chico Alencar (PSOL-RJ) sugeriu a proibição da contratação de modelos para pedir votos.
-Prefiro receber um panfleto do deputado Miro Teixeira que de um clone da Gisele Bündchen -, disse.
Imediatamente, vários parlamentares protestaram:
-Fale apenas pela sua bancada -, brincou José Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da oposição.
A palavra final coube ao próprio Miro (PDT-RJ):
-Obrigado, Chico, mas nessa disputa eu não entro.


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