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Pelo controle da Câmara, PT e PMDB formam megabloco
Em composição inédita, partidos se unem em três frentes para a eleição de hoje
Grupo de Chinaglia acredita que nova formação pode levar seu candidato à vitória
já no primeiro turno na disputa contra Aldo e Fruet
Leopoldo Silva/Folha Imagem
![](../images/n0102200701.jpg) |
Deputados registram na secretaria-geral da Mesa da Câmara o bloco liderado por PT e PMDB |
LETÍCIA SANDER
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na guerra de nervos em que
se transformou a reta final da
disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, os dois
principais partidos da Casa, PT
e PMDB, lideraram a formação
de um inédito megabloco, reunindo 273 parlamentares
-mais da metade da Casa-,
para tentar controlar seis dos 11
cargos na Mesa Diretora, além
de 11 das 20 comissões.
A eleição para a presidência e
para os demais cargos da Mesa
acontece hoje a partir das 15h.
O chamado "bloco da recomposição" integra o PT e PMDB e
também PSC, PTC, PT do B,
PP, PR e PTB -as três últimas
legendas tiveram parlamentares suspeitos de envolvimento
no escândalo do mensalão.
Além do megabloco, foram
compostas ontem outras duas
frentes, criando um cenário
nunca visto numa eleição da
Câmara. O segundo bloco é integrado por PC do B, PSB, PDT,
PAN e PMN, que tem 68 federais. A terceira frente, de oposição, tem PSDB, PFL e PPS, reunindo 153 parlamentares.
Os partidos se unem em blocos somente para aumentar o
poder de barganha na definição
dos cargos da Mesa Diretora.
Isso ocorre porque o tamanho
das bancadas - e dos blocos, no
caso - é determinante na ordem de escolha dos cargos. Os
maiores escolhem primeiro.
Porém, a aliança em blocos
não garante transferência de
votos na eleição dos 11 cargos
da Mesa. Os candidatos apostam suas fichas nas chamadas
"traições". O voto é secreto e,
por isso, o deputado pode contrariar a orientação partidária.
Segundo os próprios integrantes dos partidos, os blocos
não vão durar até o Carnaval. O
reflexo da formação dos blocos
na eleição para a presidência é
duvidoso. O PFL, por exemplo,
faz parte do bloco de oposição,
mas mantém o apoio a Aldo.
O regimento interno permite
que as frentes sejam dissolvidas a qualquer momento.
Aliados de Arlindo Chinaglia
(PT-SP), de todo modo, avaliam que a formação do megabloco deve ajudar a eleger o petista, talvez já no primeiro turno. Consideram que os deputados indecisos das legendas que
integram esta formação tendem a escolher o petista.
Em busca de votos, o PT cedeu os cargos a que teria direito
na Mesa aos aliados. Mas a operação tem riscos: se Chinaglia
perder, o PT estará, novamente, fora da Mesa.
Pela divisão acertada ontem,
o PMDB ficará com duas vagas
na Mesa, entre elas a primeira-secretaria, espécie de "prefeitura" da Câmara.
A primeira vice-presidência
caberá ao PSDB. O PR ficará
com a corregedoria, instância
responsável pela investigação
dos parlamentares. O PFL levará a quarta-secretaria. Restam
ainda quatro suplências, que
serão divididas, no voto, entre
PTB, PDT, PPS e PT. O PT promete indicar uma mulher.
O líder do PFL, Rodrigo Maia
(RJ), afirmou que o partido
mantém o apoio a Aldo, apesar
da decisão de integrar o bloco
de oposição, encabeçado pelo
PSDB do candidato Gustavo
Fruet (PR). "O PT criou uma
confusão na instituição e pela
primeira vez deixa claro sua natureza e sua identidade", disse.
"Esse bloco é "overnight",
aliás, todos são", reconheceu
José Carlos Aleluia (PFL-BA).
A atração do PFL ao bloco teve apoio do governador paulista, José Serra (PSDB), preocupado com um eventual domínio de governistas na Câmara.
Com o bloco, a oposição garante três vagas na Mesa.
A "guerra de blocos" começou com movimentações de
PDT, PSB e PC do B. Eles resolveram se juntar para tentar faturar mais espaço na Mesa. No
entanto, foram "atropelados"
por aliados de Chinaglia.
Nos bastidores, líderes reconhecem que a união em blocos
obedece a uma função meramente fisiológica, se mantendo
até a partilha de cargos.
"Como é próprio dos blocos,
eles vão durar até o Carnaval",
ironizou o deputado Chico
Alencar (RJ). O seu PSOL não
integra blocos, como o PV.
Aliados de Aldo negam o fisiologismo. "O bloco foi uma
opção política, não foi casuísmo só para compor a Mesa",
disse o vice-líder do governo,
Beto Albuquerque (PSB-RS).
"Eles [PC do B e PSB] formaram um bloco para dar um golpe. E a gente foi forçado a reagir", retrucou o líder do PP, Mário Negromonte (BA).
Colaborou ADRIANO CEOLIN, da Sucursal de Brasília
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