São Paulo, domingo, 1 de fevereiro de 1998

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Sachs defende desvalorização

Do enviado especial

Mais um economista de reputação internacional somou-se ontem à previsão de que o real é vulnerável a um ataque mais ou menos iminente.
Jeffrey Sachs, descrito certa vez pela revista "Time" como o economista mais conhecido do mundo, disse à Folha que o real "tem que ser desvalorizado".
Sachs, diretor do Instituto para o Desenvolvimento Internacional da Universidade norte-americana de Harvard, não sabe dizer se a desvalorização deveria ser feita dentro de dois meses, quatro meses ou seis meses.
"Mas quanto mais demorar maior será o sofrimento", disse Sachs.
A Folha perguntou a Sachs se ele concordava com a tese de alguns de seus colegas economistas de que o Brasil estava na iminência de ser uma das próximas vítimas da chamada segunda onda da crise asiática.
A resposta foi seca: "É verdade".
A tese sobre a vulnerabilidade brasileira foi inicialmente levantada por Kenneth Courtis, economista e estrategista-chefe do Deutsche Bank para a região Ásia-Pacífico.
Foi chamado de "palpiteiro" pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Sachs criticou também o fato de que o governo brasileiro optou pela desaceleração da economia (provocada pela elevação dos juros) como resposta à crise asiática.
Mas o megainvestidor George Soros foi na direção oposta, em entrevista coletiva que concedeu ontem.
Depois de dizer que o Brasil já havia sido afetado pela "primeira onda", George Soros elogiou o fato de o governo brasileiro, "ao contrário do indonésio ou outros da Ásia, ter adotado os passos certos".
Tais passos (o aumento dos juros e o pacote fiscal de R$ 20 bilhões) "fortaleceram a posição do Brasil", acha Soros.
Mas ele adverte que ninguém está em condições de fazer "previsões firmes".
(CLÓVIS ROSSI)


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