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HISTÓRIA
Moradores de Silveiras (SP) acharam dez granadas dos paulistas; Vale do Paraíba teve vários confrontos
Exército mapeia batalhas de 32 em SP
SAMY CHARANEK
das Regionais
O Exército brasileiro está mapeando áreas onde ocorreram batalhas durante a Revolução de 32
para encontrar armas e granadas
enterradas no Vale do Paraíba.
A operação foi determinada pelo
coronel Luiz Eduardo Rocha Paiva, do 5º BIL (Batalhão de Infantaria Leve), de Lorena, e tem como
objetivo evitar possíveis explosões
acidentais desses armamentos.
A medida foi tomada depois que
crianças da Vila Marina, em Silveiras (215 km a nordeste de São Paulo), encontraram -entre os dias
23 e 27 do mês passado- dez granadas enterradas no local.
O material encontrada em Silveiras foi identificado pelo historiador Hernâni Donato -especialista em história militar- como sendo da Revolução de 32.
O Exército supõe que o material
seja dos constitucionalistas, mas
ainda não tem certeza.
"As granadas de 32 foram fabricadas exclusivamente para os
combates. No Brasil, essas granadas nunca mais foram utilizadas",
afirmou Donato.
A Folha mostrou ao historiador
uma foto das granadas achadas e,
segundo ele, não há dúvidas que
elas são de 32.
Em Silveiras, houve confrontos
entre 3 e 12 de setembro de 32, no
período final do combate.
A rendição dos paulistas foi assinada em Cruzeiro (30 km de Silveiras), no dia 27 de setembro.
Uma equipe do 5º BIL já destruiu
nove das granadas encontradas.
Para achar mais artefatos, o
Exército usará detector de metais.
"As granadas encontradas poderiam explodir a qualquer momento", afirmou Rocha Paiva.
O Exército acampou no local nos
dias 24, 26, 27 e 28 do mês passado.
O explosivo, segundo ele, libera
estilhaços que podem ferir ou matar pessoas em um raio de 30 a 35
metros do local da explosão.
Na quinta-feira passada, a prefeitura determinou a interdição de
uma faixa de 300 m2 no local, considerado agora área de risco.
Memória
Segundo o ex-combatente paulista Clotário Andrade Cintra, 86, a
descoberta de granadas em Silveiras era esperada.
"Quando o pessoal fez a retirada
em 32, foi um Deus nos acuda, deixaram tudo para trás. Ali, onde
acharam as granadas era um posto
de comando durante a guerra",
disse Cintra, último sobrevivente
de da época em Silveiras.
Ele ainda guarda do conflito balas deflagradas de canhão, cartuchos de fuzil e um capacete.
À época solteiro, Cintra conta
que escapou das batalhas sem ter
que tirar a vida de outro brasileiro.
"Foi, porém, uma guerra fratricida", disse o ex-combatente, que,
em 32, transportava armas, munição e suprimento para os soldados
paulistas na frente de batalha.
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