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PMDB começa a definir se terá candidato
LUCIO VAZ
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
As reuniões de diretórios estaduais do PMDB previstas para este
início de semana servirão como
prévias para a convenção nacional
do próximo domingo, que vai decidir se o partido terá candidato
próprio à Presidência da República ou se apoiará a reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
No centro das atenções estão os
encontros da Paraíba e de Santa
Catarina, onde a indefinição é
maior. Os dois Estados têm direito, respectivamente, a 46 e 37 votos, de um total de 696.
Também haverá reuniões nos
Estados do Ceará, do Mato Grosso
e do Espírito Santo.
A definição do partido pode ser
decisiva para a eleição de 3 de outubro. Caso o PMDB se defina por
um candidato próprio, aumenta a
probabilidade de a eleição presidencial ser definida apenas com a
realização de um segundo turno.
Os líderes das duas correntes
prevêem uma semana de intensa
pressão sobre os convencionais.
Verbas federais, cargos públicos,
compromissos pessoais e telefonemas dos candidatos diretamente interessados, FHC e o ex-presidente Itamar Franco, serão usados
na busca de votos.
Na Paraíba, o senador Ronaldo
Cunha Lima defende a candidatura própria, e o governador José
Maranhão, o apoio a FHC. Os dois
assumiram o compromisso de seguir a decisão do diretório, que se
reúne na terça-feira.
Na última reunião dos governistas em Brasília, Cunha Lima apresentou uma justificativa do apoio
à candidatura própria, segundo
relato dos presentes. No seu governo, Itamar entregou a presidência da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste) ao seu filho Cássio Cunha Lima.
Ajuda do Planalto
Santa Catarina toma uma decisão amanhã. O governador Paulo
Afonso Viera havia assumido o
compromisso de apoio a FHC juntamente com os outros sete governadores do PMDB, mas mudou de
idéia na semana passada.
Ele afirmou que o partido deverá
ter candidato próprio desde que
viabilize uma candidatura forte.
Considera Itamar um candidato
"consistente", mas acredita que o
ex-presidente precisa transmitir
mais segurança aos convencionais
peemedebistas.
"Eu preciso ter a convicção plena de que a candidatura dele é irreversível. Até agora não senti essa
firmeza. Não podemos decidir entre Fernando Henrique e uma indefinição", disse o governador.
Paulo Afonso também aproveitou para cobrar mais atenção do
governo federal com o seu governo. Para ele, o Planalto precisa
dar-lhe, no mínimo, um tratamento idêntico ao que dispensa ao
senador Esperidião Amin (PPB),
seu adversário no Estado.
O governador lembrou que tem
obras em andamento no Estado
que contam com recursos do governo federal: "Está tudo bem encaminhado. Mas esperamos que o
presidente dê a garantia de continuidade, considerando que estamos em ano eleitoral".
FHC ainda conta com a presença
de dois peemedebistas no ministério -Eliseu Padilha (Transportes)
e Iris Rezende (Justiça)- para
tentar garantir um resultado favorável domingo que vem.
Na área parlamentar, o principal
aliado de FHC é o presidente da
Câmara, Michel Temer.
Manobra
O presidente nacional do PMDB,
deputado Paes de Andrade (CE),
vai aproveitar a reunião do diretório estadual hoje para agregar
mais cinco nomes à delegação do
Estado. Ele espera contar com
90% dos 32 votos do Ceará.
Paes afirma que estará apenas
substituindo nomes que deixaram
o partido. Um dirigente estadual
afirmou, porém, que o preenchimento das vagas não pode ser feito
a uma semana da realização da
convenção nacional. Poderá haver
recurso dos governistas contra a
decisão do presidente do partido.
O presidente regional do Ceará,
o ex-senador Mauro Benevides,
está pressionado e evita entrar na
disputa. Ele é assessor do Ministério da Justiça e preside um diretório amplamente favorável à candidatura própria.
Pressão governista
Os governistas pediram a FHC
que converse com líderes que podem decidir a votação e tendem
para a candidatura própria. Estão
na lista dos governistas o governador Paulo Afonso e a deputada Rita Camata (ES).
O presidente do diretório do Rio
de Janeiro, deputado Moreira
Franco, é contra o assédio de FHC
aos convencionais. "O presidente
foi longe demais. Ele tem de deixar
que nós do PMDB resolvamos os
nossos problemas", afirmou.
Rita Camata tem três votos e pode influenciar mais três. Seu marido, o senador Gerson Camata,
pré-candidato ao governo do Estado, defende o apoio a FHC. O diretório vai se reunir hoje.
No Mato Grosso, uma reunião
amanhã deverá consolidar a tendência favorável à coligação do
partido com FHC.
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