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Caixa destinou R$ 10 mi a eventos do Judiciário sob Lula
Para TCU, esses patrocínios não resultam em contrapartidas para a instituição
CEF alega que os repasses se
devem ao grande volume de
depósitos judiciais que são
custeados no banco, mas
afirma que irá rever critérios
LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Caixa Econômica Federal
destinou mais de R$ 10 milhões
ao patrocínio de eventos do Poder Judiciário no governo Luiz
Inácio Lula da Silva, tendo como principais alvos juízes, desembargadores e membros dos
tribunais superiores.
Entre 2003 e 2005, os recursos direcionados pelo banco
aos patrocínios ligados ao Judiciário somaram praticamente o
mesmo valor destinado para a
mesma finalidade a todos os
municípios do país no período.
O Tribunal de Contas da
União criticou o grande volume
de patrocínio para o Judiciário,
afirmando que o financiamento de tais eventos não resultam
em contrapartidas mercadológicas e financeiras para a instituição e que o segmento recebe
tratamento diferenciado.
"Saltam aos olhos os valores
de patrocínios destinados ao
grupo Poder Judiciário", escreveram os ministros do TCU, em
acórdão do dia 7 deste mês.
A CEF alega que os patrocínios se devem às grandes somas de depósitos judiciais custeados no banco. "O que indica
claramente a influência indevida desse fator no tratamento
diferenciado dispensado pela
empresa ao referido segmento", afirma o TCU.
O tribunal fez inspeção nos
gastos com patrocínio realizados pela CEF entre 1999 e
2006. O acórdão sobre o caso
não aponta irregularidades,
mas afirma que "fica perceptível a fragilidade da sistemática
da Caixa para a concessão de
patrocínios, evidenciado pela
falta de critérios na análise prévia e posterior de cada ação".
O TCU determinou que a
CEF adote medidas para estabelecer uma metodologia de
análise das propostas de patrocínio, com "critérios claros e
objetivos".
De 2003 a 2005, patrocínios
para o Judiciário somaram R$
9,516 milhões, enquanto para
todos os municípios do país foram R$ 9,584 milhões.
No período, o total gasto pela
CEF com patrocínios, incluindo marketing esportivo e promoções culturais, foi de R$
133,5 milhões. O banco considera como integrante do grupo
do segmento jurídico Ministério Público, Tribunais Regionais Federais da Justiça Federal, Tribunais de Justiça, Advocacia Geral da União, Tribunais
Regionais do Trabalho, Tribunais Superiores e departamento de Polícia Federal.
De acordo com o TCU, quase
metade dos valores gastos com
o segmento jurídico foi destinada "apenas a encontros no
âmbito do próprio Poder Judiciário, que têm como principais
beneficiários os magistrados".
Nos dois anos seguintes, esse
percentual correspondeu a
mais de 30%.
O TCU cita encontros de juízes e procuradores financiados
pela CEF como exemplos de
eventos patrocinados sem que
tenha havido avaliação dos resultados obtidos com as ações.
Entre os quais, o "18º Encontro
Nacional dos Juízes Federais" e
"22º Encontro Nacional dos
Juízes Federais do Brasil".
"Em decorrência da impropriedade sob exame, a Caixa
deixa de aferir a eficiência, eficácia e efetividade de cada patrocínio (...), dando margem a
questionamentos sobre a legitimidade de patrocínios concedidos a algum grupo em especial", ressalta o acórdão.
Por meio de sua assessoria, a
CEF informou que o TCU não
apontou irregularidades nem
ilegalidades na política de patrocínio do banco, determinando apenas medidas para aperfeiçoar os critérios de seleção
dos eventos a serem financiados pela instituição.
A CEF acrescentou que já começou a adotar novas regras
gerenciais para melhorar os
controles de patrocínio.
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