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MERCADO DA SUCESSÃO
Presidente do PFL descarta apoio a Serra e afirma que vitória petista causará "problemas sérios"
Lula afastará investimento, diz Bornhausen
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC),
lançou mão do cenário de possível eleição do presidenciável do
PT, Luiz Inácio Lula da Silva, para
insistir na substituição de José
Serra (PSDB) na cabeça da chapa
governista.
Bornhausen avalia que, mantido o quadro sucessório atual, Lula
poderá ganhar a eleição já no primeiro turno. Essa avaliação será
levada ao presidente Fernando
Henrique Cardoso em audiência
a ser marcada.
Para ele, uma eventual vitória
petista traria "sérios reflexos na
economia". Leia a seguir trechos
da entrevista concedida à Folha:
Folha - A cúpula pefelista decidiu
aguardar fatos novos no quadro
sucessório até 6 de junho. O PSDB
não dá sinais de que poderá trocar
de candidato, e, no PFL, não há empolgação em lançar nome próprio.
O que é que pode acontecer, então?
Jorge Bornhausen - Houve consenso de que o quadro sucessório
ainda não é definitivo. Nem mesmo a coligação PSDB-PMDB é fato consumado, porque há reações
de setores estaduais. Existem dificuldades na Frente Trabalhista
(PPS-PDT-PTB), que apóia Ciro
Gomes, e mesmo em relação ao
PSB [do presidenciável Anthony
Garotinho". E a candidatura do
Serra não se consolidou.
Conclusão: o quadro não está
definido. Até 6 de junho tudo pode acontecer. Por isso, vamos
aguardar 35 dias para tomar decisão.
Folha - O sr. vai levar ao presidente FHC a posição do PFL, porque no
último encontro (em 2 de abril) vocês combinaram fazer nova avaliação do quadro. Ele está preocupado com o candidato dele?
Bornhausen - Eu, se fosse ele, estaria preocupado.
Folha - O apoio ao senador Serra
foi totalmente descartado na reunião de anteontem?
Bornhausen - A hipótese de
apoio formal ao Serra não existe.
Se o partido quiser apoiá-lo em alguns Estados, tudo bem. Mas o
apoio formal do PFL não terá.
As resistências a ele ocorrem
por fatores conjugados: o atendimento que ele dispensava aos
parlamentares do partido no Ministério da Saúde -sobre o qual
há queixas generalizadas na bancada-, somado ao episódio Roseana Sarney [Serra é visto no PFL
como um dos responsáveis pela
desestabilização da ex-pré-candidata".
Folha - Mas essas alianças do PFL
com o PSDB em vários Estados não
beneficiam a candidatura Serra?
Bornhausen - Não foi essa a avaliação feita ontem. Roseana era o
novo [na eleição". O desaparecimento dela deixou um vácuo, que
beneficia Lula, apesar dos erros de
campanha que está cometendo.
Folha - Que erros?
Bornhausen - Começa pelas viagens internacionais, encontros
com Fidel Castro, com Hugo Chávez, e passa pelos pronunciamentos [que fez" contra exportações e
sobre taxações do Imposto de
Renda. Lula está bem porque tem
um bom marketing. Parabéns ao
Duda [Mendonça, responsável
pela propaganda do PT".
Folha - O fato de os bancos Merrill
Lynch e Morgan Stanley terem rebaixado a recomendação para negócios com títulos da dívida brasileira [um dos principais motivos citados pelos bancos para a decisão
foi a alta de Lula nas pesquisas"
mostra que Lula ainda assusta?
Bornhausen - Esses pronunciamentos dele e essas viagens internacionais é que levam a essas interpretações. Com a vitória do Lula, teremos problemas sérios na
área econômica. Entre os reflexos
na economia, haverá recuo dos
investimentos. E pode nem haver
segundo turno. O Lula pode até
ganhar no primeiro turno.
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