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JANIO DE FREITAS
O ataque suspeito
O ataque feito à candidatura de Luiz Inácio Lula da
Silva pelas empresas americanas Morgan Stanley, Merrill
Lynch e outras especialistas em
jogadas na ciranda financeira,
no mundo todo, ou é preparação de algum negócio especulativo com moedas ou ações, ou
resulta de grotesca desinformação sobre o cenário atual da disputa sucessória no Brasil.
Em relação aos Estados Unidos, esse cenário remonta a
meio século atrás, quando Juscelino e o general Juarez Távora
disputaram, em 1955, uma eleição em que nenhum resultado
deixaria felizes os agentes do capital americano e do governo
idem. A derrubada e morte de
Getúlio, no ano anterior, não o
substituía por um americanófilo, como o FMI e o Departamento de Estado logo constatariam
com a Operação Pan-americana lançada por Juscelino.
Na eleição seguinte os Estados
Unidos e seus agentes continuaram sem chances, travada a disputa entre o general Lott, francamente nacionalista, e Jânio
Quadros com suas demonstrações de preferência pela modalidade de nacionalismo terceiro-mundista do egípcio Nasser.
Seria exagerado dizer que algum dos citados era antiamericano. Mas os quatro tiveram,
em diferentes graus, clara disposição de servir aos interesses da
soberania brasileira quando os
interesses privados ou oficiais
dos Estados Unidos pretenderam o oposto.
Está mal informado, se não
age de má-fé, quem atribui a José Serra a mesma atitude volúvel de Fernando Henrique Cardoso diante de interesses americanos, sejam os de natureza política (no governo Clinton) ou financeiros privados. Pelo menos
até hoje, as idéias de Serra não
são as de alguém que, na família Cardoso e entre os amigos
mais próximos, até sete ou oito
anos atrás seria chamado de entreguista, se escapasse de ser
vendido. Depois, o vocabulário
foi mudado, com as idéias, mas
será tolo e injusto envolver nisso
José Serra.
De Ciro Gomes nem seria preciso dizer que não deu, até agora, nenhum sinal que não fosse
de privilégio absoluto à soberania do Estado brasileiro na política internacional, como em relação aos interesses privados estrangeiros ou domésticos.
A procedência brizolista de
Anthony Garotinho e sua presença no PSB contêm uma sugestão, mas o governador e o candidato não proporcionaram
mais que isso como definição de
idéias.
As chances de felicidade da
política americana e dos agentes da ciranda financeira internacional, na sucessão brasileira,
não dependem só de Lula. E, se
existem, são muito poucas. Para
o bem de todos e felicidade geral
da nação.
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