UOL

São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REFORMAS/MANIFESTAÇÕES

Manifestantes a favor e contra reformas e índios são agredidos na confusão; no Rio, servidores comparam governo ao de FHC

Protestos tumultuam a chegada de Lula

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Tumulto, agressões, truculência de policiais e seguranças, protestos e bolinhas de papel. A chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros ao Congresso Nacional contou com pouca organização e muita confusão.
Antes de Lula chegar, sindicatos de servidores públicos posicionaram-se em frente ao Congresso com faixas de protesto. A principal crítica se referia à taxação de servidores inativos proposta pelo governo federal no projeto de reforma da Previdência.
Ao lado dos manifestantes, formou-se outro grupo que apoiava a necessidade de reformas estruturais no país. Segundo Nelson Boni, presidente do Comitê Nacional Pró-Reformas Já, as mudanças na lei abririam caminho para investimentos em educação e saúde. A "claque" era formada por estudantes do ensino médio de escolas públicas de Brasília e empresários paulistas.
A comitiva de Lula caminhou lentamente quando descia a rua de acesso ao Congresso. O presidente interrompeu o trajeto três vezes, para pedir calma aos participantes. Lula conversou com uma senhora, um servidor e um índio. Os funcionários públicos improvisaram bolas de papel com os cartazes de protesto. Elas foram arremessadas em direção ao presidente, mas não o atingiram.
Ao redor de Lula, seguranças do Planalto tentavam afastar o público. Os manifestantes e índios foram agredidos na confusão.
A manifestação reuniu, ao todo, cerca de 200 pessoas, segundo os organizadores, ou 80, conforme a Polícia Militar. Cerca de 200 policiais e seguranças da Presidência acompanharam a comitiva formada por Lula e ministros e outros 74 policiais aguardaram na rampa do Congresso.

Pataxó agredida
Um grupo de 90 índios de diversas etnias esperava a chegada de Lula para reivindicar a demarcação de 756 áreas indígenas no país -300 delas invadidas por fazendeiros. Quando Ilza Rodrigues Pataxó, 31, da etnia pataxó hã-hã-hãe, tentou entregar o documento ao presidente, acabou recebendo um soco no rosto.
A agressão provocou um corte na boca de Ilza, que levava sua filha Luisa, de seis meses, no colo. Ela pertence à mesma tribo de Galdino de Jesus, morto em 97 por queimaduras provocadas por adolescentes que atearam fogo ao índio quando ele dormia em um ponto de ônibus de Brasília.
"Viemos em paz e só recebemos agressão do governo", reclamou Juvenal de Belmonte, 40, da etnia tupinambá, da Bahia. O comandante da operação da PM, Major Lobo, afirmou que "não tem como saber agora quem foi que agrediu" porque tudo aconteceu "no meio da confusão". A apuração de responsabilidade "vai depender dela [da índia]".
O Sindicato dos Servidores Públicos do DF, ligado à CUT, organizou uma pequena passeata do prédio do Ministério da Agricultura até a rampa do Congresso -700 metros, segundo a PM.


Texto Anterior: Reformas/executivo: Lula pede pressa ao Congresso e faz promessas ao Nordeste
Próximo Texto: Servidores no Rio comparam Lula a FHC
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.