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REFORMAS/MANIFESTAÇÕES
Manifestantes a favor e contra reformas e índios são agredidos na confusão; no Rio, servidores comparam governo ao de FHC
Protestos tumultuam a chegada de Lula
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Tumulto, agressões, truculência
de policiais e seguranças, protestos e bolinhas de papel. A chegada
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e seus ministros ao Congresso Nacional contou com pouca
organização e muita confusão.
Antes de Lula chegar, sindicatos
de servidores públicos posicionaram-se em frente ao Congresso
com faixas de protesto. A principal crítica se referia à taxação de
servidores inativos proposta pelo
governo federal no projeto de reforma da Previdência.
Ao lado dos manifestantes, formou-se outro grupo que apoiava
a necessidade de reformas estruturais no país. Segundo Nelson
Boni, presidente do Comitê Nacional Pró-Reformas Já, as mudanças na lei abririam caminho
para investimentos em educação
e saúde. A "claque" era formada
por estudantes do ensino médio
de escolas públicas de Brasília e
empresários paulistas.
A comitiva de Lula caminhou
lentamente quando descia a rua
de acesso ao Congresso. O presidente interrompeu o trajeto três
vezes, para pedir calma aos participantes. Lula conversou com
uma senhora, um servidor e um
índio. Os funcionários públicos
improvisaram bolas de papel com
os cartazes de protesto. Elas foram arremessadas em direção ao
presidente, mas não o atingiram.
Ao redor de Lula, seguranças do
Planalto tentavam afastar o público. Os manifestantes e índios foram agredidos na confusão.
A manifestação reuniu, ao todo,
cerca de 200 pessoas, segundo os
organizadores, ou 80, conforme a
Polícia Militar. Cerca de 200 policiais e seguranças da Presidência
acompanharam a comitiva formada por Lula e ministros e outros 74 policiais aguardaram na
rampa do Congresso.
Pataxó agredida
Um grupo de 90 índios de diversas etnias esperava a chegada de
Lula para reivindicar a demarcação de 756 áreas indígenas no país
-300 delas invadidas por fazendeiros. Quando Ilza Rodrigues
Pataxó, 31, da etnia pataxó hã-hã-hãe, tentou entregar o documento
ao presidente, acabou recebendo
um soco no rosto.
A agressão provocou um corte
na boca de Ilza, que levava sua filha Luisa, de seis meses, no colo.
Ela pertence à mesma tribo de
Galdino de Jesus, morto em 97
por queimaduras provocadas por
adolescentes que atearam fogo ao
índio quando ele dormia em um
ponto de ônibus de Brasília.
"Viemos em paz e só recebemos
agressão do governo", reclamou
Juvenal de Belmonte, 40, da etnia
tupinambá, da Bahia. O comandante da operação da PM, Major
Lobo, afirmou que "não tem como saber agora quem foi que
agrediu" porque tudo aconteceu
"no meio da confusão". A apuração de responsabilidade "vai depender dela [da índia]".
O Sindicato dos Servidores Públicos do DF, ligado à CUT, organizou uma pequena passeata do
prédio do Ministério da Agricultura até a rampa do Congresso
-700 metros, segundo a PM.
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