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Radicais atacam proposta do governo
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O protesto mais veemente da ala
tida como radical do PT, ontem,
foi o da deputada Luciana Genro
(RS), que criticou a política econômica do governo na tribuna da
Câmara dos Deputados enquanto
o ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) entrava no plenário.
"Não estranho essa unidade dos
governadores em torno das reformas. A ampla maioria deles deu
sustentação ao governo FHC, que
não conseguiu aprová-las. E não
concordamos com essa política
econômica de arrocho salarial e
fiscal", dizia ela.
Logo após o pronunciamento,
Luciana deixou o plenário, minutos antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrar com os governadores e ministros para entregar as propostas das reformas
tributária e previdenciária para o
presidente da Casa, João Paulo
Cunha (PT-SP). A deputada estava vestida de preto, mas negou
que fosse em sinal de luto.
Também não participaram da
solenidade de entrega das propostas os deputados Babá (PA) e
João Fontes (SE). Já Lindberg Farias (RJ), ameaçado de perder a
vice-liderança na Câmara devido
às críticas públicas às reformas do
governo, estava presente.
"Estou estarrecido de ver o governo Lula subir a rampa aqui [da
Câmara] com o governador do
PFL do meu Estado [João Alves],
que é adversário nosso. Está se
passando para a sociedade a imagem de que todos os partidos são
iguais", disse João Fontes, que
permaneceu em seu gabinete durante a solenidade.
O recuo de última hora do governo na fixação do teto salarial
do funcionalismo, que em vez de
R$ 12.720 ficou em R$ 17.170,
também foi criticado pela ala
mais à esquerda do PT.
"Afrouxam com os de cima e
apertam com os debaixo. Esse era
o espaço que o governo tinha para
jogar mais duro se o objetivo é
combater privilégios", disse Lindberg. "Por um lado o governo
chama os trabalhadores de privilegiados e, ao mesmo tempo, incentiva privilégios como esse",
afirmou Babá, que participou de
protesto de servidores em frente à
Câmara enquanto Lula estava na
Casa. Lindberg e Babá são contra
a proposta de contribuição previdenciária dos inativos que ganham acima de R$ 1.058.
Paz e amor
No final da cerimônia, Lula disse que passaria às mãos do presidente da Câmara as propostas,
que teriam sido feitas com "muito
carinho e amor".
"Eu não sei se você sabe, eu ainda estou na fase de "Lula paz e
amor'", disse. "Eu recebo com paz
e amor também", respondeu João
Paulo.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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