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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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Radicais atacam proposta do governo

FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O protesto mais veemente da ala tida como radical do PT, ontem, foi o da deputada Luciana Genro (RS), que criticou a política econômica do governo na tribuna da Câmara dos Deputados enquanto o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) entrava no plenário.
"Não estranho essa unidade dos governadores em torno das reformas. A ampla maioria deles deu sustentação ao governo FHC, que não conseguiu aprová-las. E não concordamos com essa política econômica de arrocho salarial e fiscal", dizia ela.
Logo após o pronunciamento, Luciana deixou o plenário, minutos antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrar com os governadores e ministros para entregar as propostas das reformas tributária e previdenciária para o presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP). A deputada estava vestida de preto, mas negou que fosse em sinal de luto.
Também não participaram da solenidade de entrega das propostas os deputados Babá (PA) e João Fontes (SE). Já Lindberg Farias (RJ), ameaçado de perder a vice-liderança na Câmara devido às críticas públicas às reformas do governo, estava presente.
"Estou estarrecido de ver o governo Lula subir a rampa aqui [da Câmara] com o governador do PFL do meu Estado [João Alves], que é adversário nosso. Está se passando para a sociedade a imagem de que todos os partidos são iguais", disse João Fontes, que permaneceu em seu gabinete durante a solenidade.
O recuo de última hora do governo na fixação do teto salarial do funcionalismo, que em vez de R$ 12.720 ficou em R$ 17.170, também foi criticado pela ala mais à esquerda do PT.
"Afrouxam com os de cima e apertam com os debaixo. Esse era o espaço que o governo tinha para jogar mais duro se o objetivo é combater privilégios", disse Lindberg. "Por um lado o governo chama os trabalhadores de privilegiados e, ao mesmo tempo, incentiva privilégios como esse", afirmou Babá, que participou de protesto de servidores em frente à Câmara enquanto Lula estava na Casa. Lindberg e Babá são contra a proposta de contribuição previdenciária dos inativos que ganham acima de R$ 1.058.

Paz e amor
No final da cerimônia, Lula disse que passaria às mãos do presidente da Câmara as propostas, que teriam sido feitas com "muito carinho e amor".
"Eu não sei se você sabe, eu ainda estou na fase de "Lula paz e amor'", disse. "Eu recebo com paz e amor também", respondeu João Paulo.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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