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REFORMAS/GOVERNADORES
Conversão da lei que isenta exportações de ICMS em norma constitucional, sem mexer na compensação aos Estados, gera críticas
Inclusão de Lei Kandir desagrada a Estados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO A BRASÍLIA
Uma surpresa de última hora
por pouco não estraga a festa da
entrega das propostas de reforma
ao Congresso. No texto da tributária, o governo incluiu a Lei Kandir, o que não tinha sido discutido
com nenhum governador. A lei
isenta exportações do pagamento
de ICMS.
Simão Jatene (PSDB-PA) ameaçou não acompanhar Luiz Inácio
Lula da Silva ao Congresso. Geraldo Alckmin (PSDB-SP) protestou
ainda no Palácio do Planalto.
Quando Lula chegou ao Congresso, os governadores dos partidos de oposição não subiram à
tribuna da Câmara. Tiveram de
ser chamados, um a um, pelo cerimonial. A desoneração das exportações causaria prejuízos a pelo
menos 14 Estados. Mas todos criticaram acidamente a maneira como o governo tratou do assunto.
Jatene, Alckmin e Paulo Hartung (PSB-ES) ressaltaram que
foram "surpreendidos" pela inclusão da Lei Kandir no texto da
reforma. Além dos três, Aécio Neves (PSDB-MG) e Paulo Souto
(PFL-BA) também disseram que
vão combater a proposta.
O problema básico, segundo os
governadores, é que a proposta de
reforma constitucionaliza a Lei
Kandir, enquanto a compensação
aos Estados continuará sendo tratada em lei complementar. Para
Souto, a desoneração das empresas e a compensação dos Estados
deveriam estar no mesmo nível.
Ressalvando que a desoneração
não é motivo para que a reforma
tributária não seja aprovada, Hartung disse que irá trabalhar para
retirar essa parte do texto.
Ainda ontem, Jatene disse ao
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) que, se for mantida
parte da desoneração, ele não vai
ter como pagar o crédito dos exportadores, referente ao ICMS pago na compra dos insumos.
Antes de entregar o texto ao
Congresso, Lula reuniu-se duas
vezes com os governadores. "Esse
é realmente um aspecto preocupante da reforma e que precisará
ser revisto. Os Estados exportadores estão pagando um preço altíssimo para o superávit comercial",
reclamou Aécio.
Outra proposta que causou polêmica entre os governadores foi
retirada pouco antes de o texto
chegar ao Congresso. A medida
previa que "zonas e regiões carentes" teriam acesso a um novo fundo de desenvolvimento regional.
A pedido dos governadores nordestinos, retirou-se a palavra "zona". Temia-se que a sua permanência no texto permitisse a interpretação de que zonas como a periferia de São Paulo também pudessem ser beneficiadas.
A governadora Rosinha Matheus (PSB-RJ) também pediu
mudanças. Ela quer garantir a cobrança do ICMS sobre petróleo na
origem. O Rio é o maior produtor
de petróleo do país.
(ANDREA MICHAEL, GABRIELA ATHIAS, JOSÉ ALBERTO
BOMBIG E RAYMUNDO COSTA)
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