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NO AR
Empurra-empurra
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
- O presidente está no
empurra-empurra.
Era a Globo News, que na
transmissão do passeio de Lula
identificou duas manifestações:
- Uma liderada pelo PSTU.
Outra pelo PT ou por pessoas
com a bandeira do PT.
A barafunda partidária não
se restringiu à manifestação.
Por todo lado se viam petistas,
tucanos, pefelistas, socialistas
em crise de identidade.
O tucano Cássio Cunha Lima
já abriu o dia reclamando, na
CBN, que não dá para governo e
oposição trocarem de lado.
No "tapete vermelho" armado
para cobrir a grande reunião de
caciques na Câmara, os tucanos
Geraldo Alckmin e Aécio Neves
tentaram evitar a reclamação.
Apoiaram as reformas de Lula
dizendo que já apoiavam antes.
Alckmin, na Globo News:
- Nós somos coerentes.
São coerentes porque saíram
do governo federal mas seguem
em governos estaduais, com
contas e eleitores a satisfazer.
Não avisaram, da necessidade
de tal coerência, o tucano que
entrou com uma ação contra as
reformas. Mas a coerência dele é
outra, ele não é governo.
Quem também pode falar em
coerência, mas de outro gênero,
é o PFL. Antes ele era governo,
agora está na oposição.
Antes o PFL queria a reforma
previdenciária com taxação e
tudo. Agora declara que são
"maldades com velhinhas", no
dizer de José Carlos Aleluia.
O mesmo vale para o PC do B
de Aldo Rebelo. Antes estava na
oposição, agora é governo. E o
mesmo vale para dois outros
partidos, segundo a Globo:
- PDT e PSB estão contra a
taxação, mas os dois políticos de
projeção nos partidos, Leonel
Brizola e Garotinho, taxaram os
funcionários do Estado do Rio
durante seus governos.
São coerentes como o PFL ou o
PT. Na oposição prometem uma
coisa, no poder fazem outra.
Diferentes deles todos, só os
"radicais", que sumiram quase
por completo da televisão. Mas
foi possível ouvir, de passagem,
que Babá questionou a entrega
pessoal dos projetos por Lula. É
"pressão", resmungou.
Babá e colegas não deixaram
a oposição. Mas também eles
têm a sua crise de identidade.
Como na transmissão, não dá
para saber se são petistas ou só
"pessoas com a bandeira".
Enquanto Luciana Genro
ameaça com "passeatas para
garantir o direito de ser petista",
Tarso Genro afirma no "tapete
vermelho", questionado sobre a
filha "radical", que ela terá que
"prestar contas ao partido".
No empurra-empurra que ele
mesmo criou, na barafunda em
que enredou partidos e famílias,
Lula sorri, paternal e coerente
como um Getúlio Vargas.
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