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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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NO AR

Empurra-empurra

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

- O presidente está no empurra-empurra.
Era a Globo News, que na transmissão do passeio de Lula identificou duas manifestações:
- Uma liderada pelo PSTU. Outra pelo PT ou por pessoas com a bandeira do PT.
A barafunda partidária não se restringiu à manifestação. Por todo lado se viam petistas, tucanos, pefelistas, socialistas em crise de identidade.
O tucano Cássio Cunha Lima já abriu o dia reclamando, na CBN, que não dá para governo e oposição trocarem de lado.
No "tapete vermelho" armado para cobrir a grande reunião de caciques na Câmara, os tucanos Geraldo Alckmin e Aécio Neves tentaram evitar a reclamação.
Apoiaram as reformas de Lula dizendo que já apoiavam antes. Alckmin, na Globo News:
- Nós somos coerentes.
São coerentes porque saíram do governo federal mas seguem em governos estaduais, com contas e eleitores a satisfazer.
Não avisaram, da necessidade de tal coerência, o tucano que entrou com uma ação contra as reformas. Mas a coerência dele é outra, ele não é governo.
Quem também pode falar em coerência, mas de outro gênero, é o PFL. Antes ele era governo, agora está na oposição.
Antes o PFL queria a reforma previdenciária com taxação e tudo. Agora declara que são "maldades com velhinhas", no dizer de José Carlos Aleluia.
O mesmo vale para o PC do B de Aldo Rebelo. Antes estava na oposição, agora é governo. E o mesmo vale para dois outros partidos, segundo a Globo:
- PDT e PSB estão contra a taxação, mas os dois políticos de projeção nos partidos, Leonel Brizola e Garotinho, taxaram os funcionários do Estado do Rio durante seus governos.
São coerentes como o PFL ou o PT. Na oposição prometem uma coisa, no poder fazem outra.
Diferentes deles todos, só os "radicais", que sumiram quase por completo da televisão. Mas foi possível ouvir, de passagem, que Babá questionou a entrega pessoal dos projetos por Lula. É "pressão", resmungou.
Babá e colegas não deixaram a oposição. Mas também eles têm a sua crise de identidade. Como na transmissão, não dá para saber se são petistas ou só "pessoas com a bandeira".
Enquanto Luciana Genro ameaça com "passeatas para garantir o direito de ser petista", Tarso Genro afirma no "tapete vermelho", questionado sobre a filha "radical", que ela terá que "prestar contas ao partido".
No empurra-empurra que ele mesmo criou, na barafunda em que enredou partidos e famílias, Lula sorri, paternal e coerente como um Getúlio Vargas.


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