São Paulo, sábado, 01 de maio de 2004

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Campanha "não caiu do céu", afirma Dante, autor da emenda das Diretas

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-deputado Dante de Oliveira disse que a campanha das diretas "não caiu do céu". Ela foi o indício mais nítido, na época, do esgotamento do ciclo militar. "Havia cansaço da sociedade."
Era um sentimento tão profundo que as lideranças do movimento não tinham muito espaço de negociação. Os milhões de brasileiros que saíram às ruas não admitiriam ser traídos por compromissos que não os fizessem votar para presidente.
A abertura era algo bastante frágil. "O governo estava sempre disposto a fechar as comportas em cima das esquerdas." Se o comando da situação escapava de suas mãos, como aconteceu quando os comícios das diretas passaram a atrair multidões, o regime "reagia com medidas de emergência, com a censura à imprensa".
Os cidadãos só foram às ruas "porque acreditavam que, com as diretas, também forçariam mudanças na política econômica e social". E essa dívida persiste nos quase 20 anos de democracia.

Leonelli
Domingos Leonelli, ex-deputado do PMDB e hoje presidente do PSB da Bahia, relatou as dificuldades encontradas por ele e por Dante de Oliveira ao pesquisarem para o livro sobre as Diretas-Já.
Quando se escreve sobre o poder as coisas são mais fáceis, porque ele "registra seus atos e há fontes mais ricas para garimpar". Isso não acontece quando se escreve sobre a oposição, em que as informações são mais dispersas. (JBN)


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