São Paulo, terça-feira, 01 de maio de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Chamada oral

O Ministério dos Transportes determinou um mutirão de autorizações na semana passada a fim de apresentar algum resultado à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que fará balanço do PAC na quinta.
Após listar os obstáculos que travam a execução das obras, o titular da pasta, Alfredo Nascimento, prepara uma mudança na comissão de licitações do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes). Atualmente, 12 servidores acumulam a liberação de todas as obras. O objetivo é separar a análise de projetos novos, a restauração de estradas e a simples conservação. O ministro diz que as alterações darão mais agilidade ao programa de Lula para o setor.

Inchaço. O pacote de reestruturação do Dnit estudado pelo Ministério dos Transportes inclui ainda a necessidade de contratação imediata de pelo menos 300 engenheiros. A proposta será levada por Alfredo Nascimento à pasta do Planejamento.

Passivo 1. O ministro Pedro Brito, da Secretaria dos Portos, estuda criar novas empresas para substituir as atuais companhias Docas, responsáveis pela administração dos portos. O objetivo é evitar que dívidas trabalhistas engulam compulsoriamente boa parte do dinheiro do setor, como ocorre hoje.

Passivo 2. Pelos cálculos da secretaria, cerca de 70% das receitas tarifárias das companhias docas vão para o pagamento de ações trabalhistas, o que inviabilizaria qualquer programa de reestruturação do setor.

Tá bom? Em seu recente jantar com a bancada do PT na Câmara, Lula pareceu não se impressionar com a rejeição dos correligionários ao projeto de lei complementar que corrige os gastos do governo com a folha de servidores pela inflação mais 1,5%, um dos pilares do PAC.

Ou quer mais? A um petista mais enfático na reclamação, Lula respondeu que poderia, sim, desistir do projeto de lei. Mas apenas para enviar ao Congresso um outro, corrigindo os gastos pela inflação mais 1%. E só.

Sem trégua. O projeto dos servidores será alvo dos protestos que movimentos sociais, MST à frente, preparam para o dia 23 deste mês nas capitais. As manifestações serão contra a "perda de direitos", que eles dizem estar presente também na Emenda 3 e na nova reforma da Previdência.

Mercado futuro. Em crise com o PT, o PC do B já faz as contas caso venha a pôr em prática a ameaça de deixar a CUT para montar uma nova central. Pelo levantamento da sigla, cerca de mil sindicatos se filiariam à nova entidade.

Timing. Após deixar tudo pronto para que o aumento do salário dos deputados fosse aprovado na semana passada, o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), foi aconselhado a adiar o projeto. Tudo para não repetir Severino Cavalcanti (PP-PE), vaiado copiosamente no 1º de Maio da Força Sindical em 2005.

Em todas. Presidente da Força, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) pretende reunir na festa da central lideranças do PSB e do PC do B, partidos que, ao lado dos pedetistas, formam o chamado bloquinho da Câmara. Fernando Gabeira (PV-RJ) foi convidado para se unir ao grupo, mas disse não, obrigado.

Longo prazo 1. Mais uma para a série de divergências entre PSDB e DEM: enquanto a maioria dos tucanos avalia que um eventual novo apagão energético se dará só após Lula sair do governo, os ex-pefelistas acham que a escassez poderá ocorrer já em 2010.

Longo prazo 2. A diferença de análise ajuda a explicar por que os "demos", mais do que os tucanos, avaliam ser possível balançar a árvore de Lula após as eleições de 2008.

Tiroteio

Se o Dirceu quer mesmo que este seja um governo progressista, deveria aplaudir a autonomia dos movimentos sociais.


Do presidente da UNE, GUSTAVO PETTA , líder estudantil ligado ao PC do B, sobre o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que em seu blog criticou o partido por apoiar manifestações contra o governo Lula.

Contraponto

Por dedução

No final do ano passado, quando o ex-presidente do Supremo Nelson Jobim decidiu disputar o comando nacional do PMDB com o deputado Michel Temer (SP), o senador Wellington Salgado (MG) procurou o colega de Casa José Sarney (AP).
-Vem aí a eleição do PMDB...-, disse Salgado, puxando o assunto com o ex-presidente da República.
-Você vai votar em quem?-, quis saber Sarney.
-Vou votar em quem o senhor indicar... E o senhor?
Sarney, apoiador de Jobim, brincou:
-Então o que posso lhe dizer é que vamos votar na mesma pessoa!


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