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Homenagem a empresário atrai 4 gerações de jornalistas
Profissionais de várias épocas da Folha comparecem ao enterro de seu publisher
Nelson Sirotsky, presidente da ANJ, diz que é preciso reverenciar "a grande contribuição" que Frias deu para a democracia do país
Marlene Bergamo/Folha Imagem
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Fotógrafos e cinegrafistas registram o enterro de Octavio Frias de Oliveira na manhã de ontem
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DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro gerações de jornalistas e alguns dos principais empresários de mídia do país compareceram ao enterro de Octavio Frias de Oliveira. Passaram
pelo cemitério Gethsêmani,
entre outros, João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo, Ruy Mesquita, membro do Conselho de Administração e diretor de Opinião do Grupo Estado, Elio
Gaspari, Boris Casoy, Joelmir
Beting, Lilian Wite Fibe, Luis
Nassif e Alberto Dines.
Também estiveram no enterro três ex-ombudsman da Folha (Caio Túlio Costa, Mario
Vitor Santos e Marcelo Beraba)
e Carlos Eduardo Lins da Silva,
ex-diretor-adjunto do jornal.
João Roberto ressaltou o que
considera ser a principal contribuição de Frias de Oliveira
para a história do jornalismo
brasileiro: "Ele foi um grande
reformista na imprensa e deixou lições para todos nós", disse, especificando que as lições
tratam de ética e jornalismo.
Para ele, Frias de Oliveira tinha muitas afinidades com seu
pai, o jornalista Roberto Marinho (1904-2003), o criador das
Organizações Globo: "Meu pai
foi um jornalista com alma de
empresário e o sr. Frias, um
empresário com alma de jornalista. O curioso é que meu pai
não gostava de ser chamado de
empresário e sim de jornalista,
e o sr. Frias não gostava de ser
chamado de jornalista e sim de
empresário. Os dois se davam
muito bem".
O empreendedor
Ruy Mesquita destacou a visão empresarial de Frias de Oliveira: "Um grande empreendedor que transformou um jornal
inexpressivo e decadente num
dos maiores jornais do país".
Na véspera do enterro, Nelson Sirotsky, presidente da
ANJ (Associação Nacional de
Jornais) e diretor-presidente
do grupo RBS, havia dito: "Temos que reverenciar a grande
contribuição que deu para a democracia do país. Ele sempre
foi muito próximo de todas as
causas voltadas à liberdade".
Dois jornalistas hoje famosos, Lilian Wite Fibe e Joelmir
Beting, e o quadrinista Mauricio de Souza lembraram da importância de Frias de Oliveira
no início de suas carreiras.
"Ele me inventou como jornalista econômico. Juntos nós
criamos a editoria de Dinheiro
da Folha. Ele é meu pai profissional em todos os sentidos",
contou Beting.
Wite Fibe disse que foi Frias
de Oliveira quem lhe deu o primeiro emprego, nos anos 70:
"Eu estava pensando como ele
foi importante para a minha
carreira, eu não sei o que teria
sido da minha carreira se não
fosse ele".
Boris Casoy, editor-chefe da
Folha entre 1977 e 1984, contou um episódio para ressaltar
a generosidade e o humor de
Frias de Oliveira: "Uma noite,
depois de um dia de trabalho
muito extenuante, pegamos o
elevador no nono andar, onde
ficava o escritório dele, e o elevador parou no terceiro. Surgiu
uma figura enorme, gorda, extenuada, suando. O seu Frias
estava com um safári amarelo e
o sujeito disse: "Térreo". Eu
pensei assim: lá vem esporro,
mas o seu Frias disse "pois não"
e apertou o térreo. Depois que
chegamos eu perguntei por que
ele deixou que o sujeito falasse
assim com ele e ele falou: "Deixa
ele ser feliz por um instante"".
Crença no mercado
Nassif, ex-colunista da Folha, disse ter admiração pela
forma pela qual Frias de Oliveira encarava o mercado: "A Folha virou o paladino das Diretas nos anos 80 e ele virou um
paradigma da imprensa brasileira atuando de acordo com a
lógica capitalista, não era por
ideologia. Ele percebia que a
imprensa tinha de repercutir o
que a opinião pública sentia e
percebia que você tinha de ter
diversidade no jornal".
Alberto Dines, que chefiou a
Sucursal do Rio da Folha nos
anos 70 e foi colunista do jornal, afirma que a maior contribuição de Frias de Oliveira foi a
guinada jornalística que promoveu no regime militar: "Ele
fez uma revolução de conteúdo. Criou uma página de opinião durante a autocensura e
em seguida criou a página 3,
que virou um paradigma: não
há hoje nenhum grande jornal
brasileiro que não tenha duas
páginas de opinião, a própria e
a de convidados".
Mauricio de Souza, cujos
personagens foram publicados
pela Folha pela primeira vez,
afirmou que a ajuda de Frias de
Oliveira e do sócio Carlos Caldeira Filho foi decisiva para o
sucesso da Turma da Mônica.
"Começar dentro de um jornal
fez a diferença. Eles me apoiaram inclusive financeiramente.
Eu não tinha recurso, e eles
permitiram que eu ficasse num
prédio vizinho que era deles,
pagando uma coisa simbólica."
Roberto Dualibi, sócio-diretor da DPZ, afirmou que Frias
de Oliveira sempre prestigiou
os publicitários e as agências de
publicidade: "Ele levava a sério
a recomendação de Henry Luce, o fundador da Time: "Se você fizer um veículo de comunicação pensando no anunciante,
perderá os leitores e os anunciantes. Se fizer o jornal pensando no leitor, ganhará leitores e anunciantes"".
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