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Servidores do Ibama vão fazer manifestações contra Lula
Além do presidente do órgão, ao menos dois diretores vão abandonar seus cargos
"O Ibama não está acéfalo. Estamos repondo todos os diretores que pediram para sair", diz a ministra Marina Silva em entrevista na TV
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Contrariados com o enfraquecimento do Ibama, servidores do órgão prometem perseguir pelo país o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e a ministra
Marina Silva (Meio Ambiente),
ao estilo dos protestos organizados pelos mata-mosquitos no
final do governo de Fernando
Henrique Cardoso.
A idéia dos funcionários do
Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis) é reunir
manifestantes, com faixas, apitaço e carros-de-som, nos municípios a serem visitados por
Lula e Marina a partir de agora.
A primeira dessas manifestações está marcada para acontecer na quinta-feira, em Uberlândia (MG), onde Lula visita
um complexo energético. Na
cidade funciona um escritório
regional do órgão.
"É um ato legal, interessante
e que costuma surtir efeito. Por
isso vale a pena", disse a engenheira florestal Lindalva Cavalcanti, presidente da Asibama (Associação dos Servidores
do Ibama) no Distrito Federal.
Segundo Jonas Correa, presidente nacional da Asibama,
os atos pelo país diante de Lula
terão como objetivo mostrar à
população a importância do
instituto. "[Nos protestos] vamos entregar documentos para
explicar a todos o motivo de
nossa reação", afirmou Correa.
Entre 1998 e 2002, o governo
tucano enfrentou uma série de
manifestações organizadas pelos chamados mata-mosquistos, funcionários temporários
da Funasa (Fundação Nacional
de Saúde) afastados em 1998
pelo então ministro da Saúde,
José Serra. A perseguição dos
mata-mosquistos ocorreu até
durante a campanha de 2002,
quando Serra disputou pelo
PSDB a corrida ao Planalto.
Greve
Os servidores do Ibama estão
em "estado de greve" desde a
última sexta-feira, dia em que
saiu publicada no "Diário Oficial" da União a medida provisória de criação do Instituto
Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade, que, na prática, enfraquece o Ibama.
Com a MP, deixam de ser responsabilidade do Ibama as unidades de conservação e os programas de pesquisa da biodiversidade. Ao órgão, com cerca
de 5.800 servidores da ativa,
restaram os papéis de licenciamento (para verificar impactos
ambientais em empreendimentos), fiscalização (atuando
como polícia ambiental) e autorização de recursos naturais.
Os servidores do órgão, em
"estado de greve", podem iniciar uma paralisação nacional a
qualquer momento. Uma assembléia nacional está marcada para quinta-feira.
Há ainda um desgaste do comando do órgão com o ministério. Pelo menos 2 dos 8 diretores nacionais devem deixar o
Ibama, ao lado do presidente,
Marcus Barros. A exoneração
de Luiz Felippe Kuns Júnior,
da Diretoria de Licenciamento
Ambiental, foi publicada ontem no "Diário Oficial". Outro
que deve sair é Márcio de Freitas, da Diretoria de Qualidade
Ambiental. Os demais colocarão seus cargos à disposição assim que Barros deixar o cargo.
"O presidente do Ibama está
lá até que seja nomeado um novo presidente. O Ibama não está acéfalo. Estamos repondo todos os diretores que pediram
para sair. Estamos fazendo novas nomeações, e o presidente
Marcus Barros ainda está na
presidência do Ibama", disse a
ministra Marina Silva, ontem,
em entrevista ao "Bom Dia Brasil", da TV Globo.
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