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Prostíbulo "de luxo" nos Jardins esperava faturar R$ 760 mil por ano
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Localizada a apenas 500 metros do prédio da Procuradoria
da República e a três quadras da
Avenida Paulista, a casa de
prostituição W.E., na rua Peixoto Gomide, foi inaugurada
em 15 de fevereiro de 2005. Em
pouco tempo obteve a fama de
"melhor da capital paulista e
possivelmente do Brasil", segundo a expressão usada pela
Polícia Federal no inquérito da
Operação Santa Tereza.
Durante quatro meses, de dezembro a abril, o lugar foi vigiado, filmado e fotografado pela
PF. A atividade da W.E. era em
tudo ousada, segundo a polícia:
colado à boate um flat inteiro
era usado para encontros sexuais -54 quartos em 13 andares. O cliente acertava o valor
com a gerência da boate, que
funcionava no térreo, e subia
para o quarto. Mas podia seguir
direto, por uma porta lateral.
A entrada na boate, que funcionava das 18h às 4h, custava
R$ 150. Uma lata de cerveja,
R$ 25. Segundo a PF, o valor
médio pago às mulheres era de
R$ 600. Mas algumas cobravam R$ 2.000. Aqui residia
uma das "inovações" da boate,
segundo a PF: os clientes pagavam ao estabelecimento, que ficava com metade do dinheiro e
repassava o restante às mulheres. Segundo os telefonemas,
elas eram proibidas de acertar
as saídas com os clientes. Mas,
como a PF reconheceu, não havia obrigação de morarem ali
ou um "cárcere privado".
As mulheres foram descritas
pelos policiais como "garotas
de programa de alto luxo e até
modelos capas de revistas masculinas e atrizes". Eram oferecidas também em hotéis de luxo a "clientes cinco estrelas",
por meio de uma publicação de
circulação restrita batizada de
"Catálogo Golden".
Num telefonema interceptado pela PF, o gerente da casa,
Celso Murad, contou que esperava fechar o ano de 2007 com
um faturamento de R$ 760 mil.
A primeira lógica conclusão
da PF foi que a prostituição ali
era um segredo de polichinelo.
"Ao que está evidenciado, a casa de prostituição já é conhecida pelas autoridades públicas.
Entretanto, continua funcionando porque oferece propinas
ou vantagens indevidas a diversos representantes de órgãos
públicos, como a Polícia Civil
de São Paulo e fiscais da prefeitura", apontou relatório do delegado Rodrigo Levin.
A PF levantou indícios do
que seria a corrupção de um fiscal municipal. Teria recebido
R$ 500, em meados de março,
segundo as conversas telefônicas, para retardar ato administrativo que deveria levar ao fechamento do lugar. O pagamento, segundo várias interceptações que constam do inquérito da polícia, ocorreu dias
após uma vistoria da prefeitura
ter notificado a boate a respeito
de uma obra irregular.
A notificação ocorreu no dia
7 de março, mas a boate continuou funcionando normalmente até a PF invadir o lugar
na última quinta-feira, 57 dias
depois da autuação. A notificação foi feita a partir de uma
ação do secretário municipal de
Habitação, Orlando de Almeida
Filho. Numa troca de telefonemas, os investigados reclamam
da inspeção e da ordem do secretário -a autuação foi feita
pela subprefeitura da Sé. "Havia várias coisas irregulares,
obras, um mezanino, um "puxadinho". Eu acionei a subprefeitura, que passou a acompanhar
o caso", disse Almeida Filho.
Segundo os diálogos, o fiscal
subornado seria da subprefeitura, que começou a atuar no
processo após a saída de cena
do secretário.
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