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FHC diz estar com Alckmin em São Paulo
Ex-presidente afirma achar irreversível a candidatura de tucano e considera possível acordo com DEM no segundo turno
Ele diz acreditar em Lula
quando o petista nega ter
interesse em tentar um
terceiro mandato; "seria tão
insensato", afirma FHC
SERGIO TORRES
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB) disse ontem no Rio considerar irreversível a candidatura de Geraldo Alckmin à Prefeitura de
São Paulo. "E eu estou com
ele", acrescentou.
A fala de FHC pode ser interpretada como um recado ao governador de São Paulo, José
Serra, também do PSDB. Serra
tem evitado manifestar apoio à
candidatura de Alckmin.
"Ele [Alckmin] não vai abrir
mão da candidatura, e eu estou
com ele", afirmou FHC.
Para o ex-presidente, provavelmente haverá disputa entre
candidatos de partidos diferentes. "A disputa é normal. Depende de como se faça a disputa
para permitir que haja um segundo turno e uma reconciliação no segundo turno", comentou FHC, que nega a possibilidade de, no PSDB de São Paulo,
existir um "racha a caminho".
"Pode haver discordância de
ponto de vista aqui ou ali. Acho
que isso não tem gravidade.(...)
Política não é só estratégia. Política são interesses concretos,
momentâneos."
Terceiro mandato
FHC disse acreditar em Lula,
que nega interesse em permanecer na Presidência por mais
um mandato. "O presidente
Lula tem declarado que é contra, e confio nele. Seria a quebra
de uma regra, a de alternância
de poder. Quem fica três fica
dez. Não tem lógica para você
justificar. Por que não quatro,
em vez de três? Seria tão insensato", disse FHC, para quem o
terceiro mandato representa
"abrir portas para o autoritarismo, para o personalismo".
O ex-presidente afirmou entender "que as pessoas queiram, quem está no governo
quer permanecer, os amigos, os
partidos, isso faz parte do jogo".
"Mas aqueles que pensam na
instituição, no país, no futuro,
na construção de uma nação
não podem concordar. É o que
o presidente Lula tem dito. Aí
me perguntam: "ele diz que oito
anos é pouco". Sim, mas um país
não se faz por um governo nem
por dois nem por três."
O fato de, supostamente, parte da população ser a favor do
terceiro mandato não é significativo, na opinião de FHC.
"Boa parte da população quer
pena de morte já, por exemplo.
Vale a pena? Não são temas que
possam ser julgados dessa maneira. (...) Não acho que esses
temas devam ser tratados nesse nível. Tem que ser tratado
em termos de responsabilidade
institucional, muito mais que
simplesmente numa pesquisa
de opinião pública. O importante é a responsabilidade histórica, política de quem lidera.
O presidente é o líder. Ele tem
responsabilidade histórica. Por
isso está dizendo: olha, não vou
ficar mais. Eu acredito nele."
FHC atacou o PT, mas poupou Lula. Segundo ele, o partido "não ajuda na construção de
um caminho comum no Brasil". "Você repara que o próprio
presidente Lula já percebeu isso. Quando percebeu, mudou
de atitude." A declaração de
FHC fazia referência ao veto
petista à aliança entre o partido
e o PSDB em Belo Horizonte,
idealizada pelo governador Aécio Neves (PSDB) e pelo prefeito Fernando Pimentel (PT).
"Essa atitude de alguns setores do PT, de intolerância, é que
fazem o PT ser um partido que
não ajuda na construção de um
caminho comum no Brasil."
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