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Arrecadação de siglas cai, mas PT fica no azul pela 1ª vez desde 2003
PT, PMDB, PSDB e DEM tiveram, juntos, receita de R$ 103,6 mi em 2007 contra R$ 169,2 mi em 2006, ano eleitoral; a maior foi a dos petistas, de R$ 40 mi
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arrecadação dos principais
partidos caiu quase 40% em
2007, mas pela primeira vez no
governo Luiz Inácio Lula da Silva o PT fechou as contas no
azul. A legenda foi a dona da
maior receita, R$ 40 milhões, e
registrou superávit operacional -receita menos despesas,
excluído pagamento de dívida- de R$ 7,5 milhões.
Venceu ontem o prazo para
que os 27 partidos entregassem
ao TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) sua prestação de contas. O tribunal não divulgou os
dados, mas a Folha colheu com
os partidos os números gerais
de PT, PMDB, PSDB e DEM, os
quatro maiores do país.
Juntos, eles obtiveram receita de R$ 103,6 milhões em
2007 contra R$ 169,2 milhões
em 2006, ano eleitoral. A queda se deu devido à brutal diminuição das doações de grandes
empresas a partidos políticos.
No ano eleitoral de 2006,
empreiteiras, bancos, siderúrgicas e outras doaram R$ 67,2
milhões a PT, PMDB, PSDB e
DEM. Em 2007, o valor caiu
para R$ 11,9 milhões.
O PT, que arrecadou R$ 43,2
milhões no ano da reeleição de
Lula, obteve doações de R$ 8,7
milhões em 2007. O PSDB, que
reuniu R$ 14,8 milhões em
doações em 2006, caiu para R$
3 milhões. DEM (R$ 8,9 milhões de doações em 2006) e
PMDB (R$ 500 mil) não registraram doações em 2007.
Os partidos não divulgaram
empresas que fizeram doações,
mas a Folha apurou que, como
nos anos anteriores, as empreiteiras foram as mais generosas.
Os números de ontem mostram que as grandes empresas
recorrem cada vez mais à doação eleitoral oculta. Elas repassam o dinheiro ao partido, que,
depois, o distribui a vários candidatos. Com isso, não há como
saber de onde veio o dinheiro.
A manobra permite que se
contorne o limite para contribuições para campanhas, de
2% do faturamento bruto no
ano anterior ao do pleito.
"É que vocês sempre fazem
uma vinculação entre doação e
atuação do político que não necessariamente ocorre", afirma
o presidente do DEM, Rodrigo
Maia. O partido arrecadou R$
22 milhões em 2007, mas nada
disso veio de doações. A maior
parte é do fundo partidário.
"Não acredito [que as empresas busquem a doação oculta]",
disse o vice-presidente-executivo do PSDB, Eduardo Jorge
Caldas Pereira.
Desde 2003, quando Lula assumiu, o PT vinha fechando no
vermelho: R$ 1,7 milhão em
2003, R$ 20,2 milhões em
2004, R$ 3 milhões em 2005 e
R$ 4,1 milhões em 2006. Em
2007, o partido fechou, operacionalmente, no azul. "Fizemos controle rigoroso", diz o
presidente do PT, Ricardo Berzoini. O PT ainda tem dívida de
cerca de R$ 38 milhões.
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