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Comissão propõe a governos mais ênfase na prevenção contra drogas
Para grupo que reúne ex-presidentes, ações de repressão não são suficientes
DA SUCURSAL DO RIO
Ênfase dos governos na prevenção ao uso de drogas e em
projetos educativos, e não na
repressão simples ao plantio e
ao tráfico, é a proposta feita ontem no Rio pelos membros da
Comissão Latino-Americana
sobre Drogas e Democracia.
Idealizada pelos ex-presidentes Fernando Henrique
Cardoso (Brasil), César Gaviria
(Colômbia) e Ernesto Zedillo
(México), a comissão internacional também é formada por
acadêmicos, jornalistas, políticos e escritores.
A comissão não preparou documentos com as conclusões
do encontro de ontem. Haverá
ainda, até fevereiro do ano que
vem, mais duas reuniões. Ao final delas, será produzido um
relatório com as propostas do
grupo, a ser encaminhado à
ONU (Organização das Nações
Unidas), que realiza na Áustria,
em março, um encontro internacional sobre drogas.
Para Fernando Henrique
Cardoso, dar mais importância
a medidas preventivas do que a
repressivas não significa que a
comissão tenda a se manifestar
pela liberalização de drogas
consideradas mais leves, como
a maconha.
"Não temos a mesma capacidade repressiva que têm os Estados Unidos. Então, precisamos, sem desfazer da importância do controle, buscar alternativas", disse.
O ex-presidente brasileiro
defende que as autoridades e a
sociedade civil dos países latino-americanos comecem a discutir a questão do consumo
"abertamente".
"Enquanto nos EUA o consumo está estagnado, aqui está
aumentando. Só isso mostra
que há diferenças. A questão do
consumo não vai ser resolvida
se as famílias não participarem
da discussão, se as escolas não
participarem, se as empresas
não participarem", afirmou.
Consumo
Presidente da Colômbia de
1990 a 1994, Cesar Gaviria disse
que, na América Latina, considera o problema do consumo o
mais importante dos relacionado à temática das drogas.
"Não temos a capacidade repressiva nem os recursos que
há no mundo desenvolvido para enfrentar esses problemas.
Temos grandes desafios para
nossas democracias. É evidente
que o narcotráfico está deformando e causando danos aos
sistemas judiciais, aos sistemas
carcerários, aos sistemas policiais. Temos enorme quantidade de problemas e precisamos
encontrar respostas", afirmou.
Também participaram do
encontro da comissão representantes da Argentina, Bolívia
e Costa Rica. Paulo Coelho,
Vargas Llosa e o escritor argentino Tomás Eloy Martinez não
participaram, embora integrem o grupo. O ex-presidente
Zedillo fez um pronunciamento na abertura por sistema de
videoconferência.
Estiveram presentes, entre
outros, o ex-prefeito de Bogotá
Antanas Mockus, o jornalista
João Roberto Marinho (vice-presidente das Organizações
Globo) e o general Alberto Cardoso, ministro do Gabinete de
Segurança Institucional da
Presidência da República no
governo Fernando Henrique
Cardoso.
(SERGIO TORRES)
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