São Paulo, Sábado, 01 de Maio de 1999
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BASE GOVERNISTA
Tucanos avaliam que têm tido postura passiva e querem tornar a Executiva Nacional mais "atuante"
PSDB quer influência maior no governo

PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local

Incomodados com o que chamam de "postura passiva" do PSDB diante dos últimos acontecimentos, como as investigações sobre os bancos, os tucanos articulam mudanças na Executiva Nacional do partido, com o objetivo de torná-lo mais "atuante" e "influente" no governo Fernando Henrique Cardoso.
Nesse cenário de renovação, o PSDB de São Paulo já tem um nome para integrar a Executiva: o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, que deixou o governo depois do escândalo do grampo nos telefones do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social).
Alguns tucanos paulistas defendem o nome de Mendonça de Barros para o cargo de secretário-geral, posto já ocupado pelo ministro Sérgio Motta, que morreu em abril do ano passado.
Segundo esses peessedebistas, Mendonça de Barros seria a pessoa ideal para ocupar a secretaria geral por ser considerado um "bom operador" na política e lembrar o estilo "trator" de Motta. No dia 15 deste mês, será realizada a convenção do partido para eleição do novo comando do PSDB.
O desejo inicial de alguns setores do PSDB era o de transformar o governador de São Paulo, Mário Covas, em presidente do partido.
Com a reiterada recusa dele, que ainda se recupera da extração de um tumor na bexiga, os tucanos partiram para um segundo plano: reconduzir o atual presidente, senador Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), mas "oxigenar" a Executiva com novos nomes.
"O PSDB precisa se preparar para as eleições de 2000 e de 2002. Os outros partidos (PFL e PMDB) já estão se movimentando claramente nesse sentido e têm atropelado o próprio governo. E o PSDB assiste a tudo passivamente", critica o governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira, lembrando que o PMDB foi o padrinho da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bancos e o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), o da CPI do Judiciário.
"O governo está meio devagar e confuso desde o episódio do grampo do BNDES. O PSDB precisa atuar com maior influência junto ao presidente, que acabou ficando isolado. Mas precisamos entender que o governo é composto por uma aliança, que ainda vai perdurar. O que temos de fazer é agir com desenvoltura igual ou maior que a dos outros aliados", diz José Aníbal, secretário de Ciência e Tecnologia do governo Covas.
Na avaliação dos tucanos, o fortalecimento do PSDB passa por uma Executiva com maior peso político.
Além de Mendonça de Barros, o senador Paulo Hartung (ES) também é cotado para a secretaria geral. Os deputados Roberto Brant (MG) e Alberto Goldman (SP), e Euclides Scalco e José Richa são outros políticos cogitados para integrar essa nova direção.
A Executiva é formada por um presidente, quatro vices, um secretário-geral, um tesoureiro e pelos primeiro e segundo secretários.
Governadores tucanos se reuniriam com Covas ontem à noite, no Palácio dos Bandeirantes, para traçar as estratégias de ação do partido daqui para a frente.
Dante de Oliveira ainda defendia o nome de Covas para a presidência do PSDB. Segundo ele, uma solução para poupar o governador paulista seria criar um colegiado de cinco vice-presidentes, que ficaria com as tarefas mais operacionais. Covas, então, teria um papel mais político, não precisando se ausentar muito de São Paulo.
Uma das alegações do governador para não assumir a presidência é que ele está, somente agora, reassumindo o governo na plenitude.
Covas fez uma cirurgia na bexiga em dezembro e teve de se submeter a três sessões de quimioterapia, que o levaram a reduzir o trabalho por cinco meses.


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