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Caso Marighella e sequestro de embaixador marcaram Venceslau
Denunciante atuou em ações
históricas da esquerda armada
da Reportagem Local
Antes de se tornar conhecido
com a denúncia que abala o PT,
o economista Paulo de Tarso
Venceslau, 53, já tinha uma longa trajetória de polêmica na esquerda.
Militante da ALN (Ação Libertadora Nacional), Venceslau foi
o responsável pela área de segurança do congresso da UNE
(União Nacional dos Estudantes) em 68, em Ibiúna (SP). Os
participantes foram presos.
O ano seguinte, no entanto,
reservaria espaço para o episódio mais marcante da militância
de Venceslau. Um dos coordenadores da ALN em São Paulo,
ele era o encarregado do contato
da organização clandestina com
os dominicanos.
Sob tortura, religiosos da ordem "entregaram" um "ponto" (encontro) que Carlos Marighella, o líder da ALN, teria na
alameda Casa Branca, em São
Paulo.
Marighella foi morto pela polícia política e Venceslau carregou nos ombros durante anos a
suspeita, nunca comprovada, de
negligência ou delação.
Na prisão, Venceslau teve entreveros verbais fortíssimos
com membros da ALN inconformados com a morte de Marighella. "Tive muitas discussões
na cadeia, mas desafio qualquer
um a provar que entreguei alguém", diz Venceslau.
A "quarentena" de desconfiança custou a Venceslau a
não-inclusão de seu nome na lista dos presos políticos que, pouco depois, foram trocados pela
vida do embaixador alemão, sequestrado por organização clandestina.
O veto, dizem contemporâneos de Venceslau na prisão, reforçou a expressão séria e triste
que o marcava desde a universidade.
Pouco antes da prisão, Venceslau foi também participante
de um dos mais espetaculares
feitos da esquerda armada brasileira. Escalado pela ALN, foi de
São Paulo para o Rio a fim de
participar do sequestro do embaixador norte-americano no
país, Charles Burke Elbrick.
Na ação, coube a Venceslau
entrar na limusine de Elbrick e,
depois, participar da soltura do
sequestrado.
Duro e inflexível nas discussões fratricidas da esquerda,
Venceslau foi abrigado por Sérgio Motta logo que saiu da prisão, em 75, na empresa Hidrobrasileira, do hoje ministro. No
mesmo ano, completou o curso
de economia na Universidade de
São Paulo.
PT
No PT, Venceslau enfrentou,
no início, a desconfiança de que
continuava atuando como
membro da ALN no partido.
Ocorreu quando trabalhava no
gabinete do então deputado estadual paulista Anísio Batista.
Curiosamente, foi José Dirceu
-hoje seu desafeto- o patrocinador da ida de Venceslau para a
Secretaria de Finanças da prefeitura petista de São José dos
Campos.
Hoje, o economista ensaia a
aproximação com o PSDB. "A
chamada esquerda agora tem
posições conservadoras e não
entende as mudanças no mundo", diz Venceslau.
(CARLOS EDUARDO ALVES)
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