|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RELAÇÕES PERIGOSAS
Amigo de Lula questiona atuação de seu denunciante e diz que PT é 'virgem num prostíbulo'
Teixeira devolve acusação a ex-secretário
e da Reportagem Local
O advogado
Roberto Teixeira, amigo de Lula, devolve as
acusações de
corrupção que
tem recebido de
Paulo de Tarso
Venceslau.
"Ele está fazendo as denúncias
por convicção? Não, porque ele assinou um contrato idêntico. Do
que ele tem vivido? Para quem ele
tem trabalhado?", questiona Teixeira, referindo-se a Venceslau.
Folha - Que motivo teria o Paulo
de Tarso para fazer essa acusação?
Roberto Teixeira - O denunciante fala da falta de licitações. Eu
perguntaria: Será que é uma questão de princípio para ele? Ele não
teria contratado outra firma para
São José dos Campos e Campinas
com dispensa de licitação e com
contrato idêntico? Procurem saber
a respeito de uma firma chamada
H Matos. Vocês vão encontrar
uma assinatura dele lá.
Ele está fazendo as denúncias
por convicção? Não, porque ele assinou um contrato idêntico. Do
que ele tem vivido? Para quem ele
tem trabalhado? Ou ele parou no
tempo desde 93?
Quer saber outra coisa? A Cpem
trabalhou para o município de São
Paulo na sequência. E no processo
você vai encontrar um parecer de
um ex-desembargador, respeitado, que conclui pela dispensa de
licitação. Perguntem o nome desse
desembargador. Régis Fernandes,
vice-prefeito de São Paulo.
Folha - Qual é a conclusão?
Teixeira - Não seria o caso de se
verificar todas as demais prefeituras? Por que o Ministério Público
não investiga os outros municípios? Porque há uma perseguição
em cima das prefeituras petistas.
Só hoje, na Folha, pela primeira
vez, foram levantadas questões sobre Guarulhos, Suzano e outras
prefeituras. Uma coisa é vocês da
imprensa criticarem o PT. Mas, se
é algo a respeito de princípios, deve-se verificar as outras cidades.
Em Indaiatuba, o Ministério Público recebeu denúncia e o promotor de lá decidiu que não era caso
de fazer denúncia. O conselho superior do Ministério Público acolheu o parecer e disse que era caso
de arquivamento -significa que
ele entende que não é o caso de ingresso de ação civil. Aí você encontra três promotores que decidem
entrar com ação, justamente nas
prefeituras do PT. Eu gostaria que
a imprensa respondesse.
Folha - Como foi a discussão a
respeito das denúncias do Paulo
de Tarso feitas em 1993?
Teixeira - Em dado momento,
eu recebo um telefonema do Paulo
Okamoto (ex-presidente do PT
paulista) dizendo que o Paulo de
Tarso estava fazendo denúncias
contra essa empresa Cpem, que estava praticando fraudes.
E ele foi dizer ao Lula que a empresa era minha. O Lula levou um
susto e disse ao Okamoto que conversasse comigo. Marcou-se no
meu escritório. Ele mostrou uma
série de documentos que, segundo
ele, eram prova da idoneidade da
Cpem. Meu irmão veio ao escritório, expus o assunto, meu irmão
marcou nova data para dar tempo
de examinar os documentos.
Na nova reunião, meu irmão respondeu tecnicamente e disse que
era tudo absurdo. E eu tive de repetir: "Não sou dono daquela firma". Cada um se entrincheirou juridicamente em suas posições e estão disputando na Justiça.
Folha - O sr. acha que a denúncia
abalou a credibilidade do Lula?
Teixeira - Não. Todos que o conhecem sabem que ele seria incapaz de qualquer ato que de longe
cheirasse menos honesto. Nos ossos, nas veias, em tudo ele é justo.
Não há nenhuma substância. Só
suspeitas, suspeitas, suspeitas...
Onde está a acusação de corrupção? Estão fazendo um fogo de encontro para poder contrapor com
essas últimas denúncias que estão
aí (feitas pela Folha sobre a compra de votos para aprovação da
reeleição). O PT sempre será vítima disso. O PT é como uma virgem posta num prostíbulo. O que
as pessoas querem é prostituí-lo.
Folha - O sr. se arrepende de ter
sugerido um encontro com as prefeituras do PT?
Teixeira - Olha, se alguém me
disser que a Peugeot quer se instalar numa prefeitura, eu vou e digo:
"Tal firma tá querendo se instalar,
veja o que você pode fazer". Não
tem por que se arrepender. Mas é
bom que se diga: Eu nunca intermediei, negociei. Negociar é quando você busca vantagem. Isso nunca existiu.
Folha - A denúncia diz que a
Cpem desviou parte de seu lucro
para a caravana do Lula. É verdade? O sr. já tirou dinheiro de seu
patrimônio para dar para o PT?
Teixeira - Eu colaboro bastante
com o PT. Sabe como? Com o meu
trabalho. A despeito de eu ter um
bom patrimônio, aprendi com
meu pai que a única forma de se
aplicar dinheiro é com imóvel. Então eu não tenho dinheiro sobrando para dar para o partido.
Folha - Dizem que o sr. é o tesoureiro das campanhas do Lula.
Teixeira - Desafio alguém que
me traga um único empresário que
diga "pus esse dinheiro na mão do
Teixeira para a campanha do PT".
Folha - O sr. não financiou a caravana do Lula?
Teixeira - Se não fosse me fazer
falta, até que eu daria algum.
Folha - O sr. acha que o PT fez
certo ao abrir uma comissão para
apurar as denúncias?
Teixeira - Eu acho válido. Principalmente porque foram postos
dois juristas, que têm capacidade
de entender essas tecnicidades.
Folha - O sr. se considera rico?
Teixeira - O meu patrimônio
começou a se formar bem antes do
PT. Tenho um razoável patrimônio. Não me considero rico nem
pobre. Sou médio, classe média.
Folha - Classe média alta?
Teixeira - Classe média média.
Folha -O sr. foi surpreendido por
esse episódio?
Teixeira - Sim. Eu pensei que já
tivesse visto um pouco de tudo.
Agora eu começo a pensar a que
ponto a canalhice humana chega.
Não tem parâmetros.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|