São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estado de Rita "dribla" verticalização

RAYMUNDO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA

Na viagem que fará hoje para conhecer e almoçar com a família de sua companheira de chapa na eleição, a deputada Rita Camata (PMDB), o pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, encontrará o exemplo mais bem acabado do fracasso da tese da verticalização na eleição de 2002.
No Espírito Santo, os palanques que seriam de Anthony Garotinho (PSB) e de Ciro Gomes (PPS) são de Serra. As duas siglas, mais o PMDB, o PPB e partes do PFL e do PTB, estão aliadas à candidatura ao governo estadual do senador Paulo Hartung, um ex-tucano que, após breve passagem pelo PPS, está hoje no PSB.
Hartung, líder em pesquisas de intenções de voto para o governo estadual, está no PSB por conveniência: no PSDB, era hostilizado pelo governador José Ignácio Ferreira, que hoje está no PTN e se encontra sob a ameaça de intervenção federal no Estado.
Hartung abandonou o ninho tucano, mas deixou no partido o prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas, coordenador do programa de governo de Serra. Assim, na chapa do senador se juntaram informalmente partidos que têm candidatos próprios à Presidência. Na realidade, o palanque de Hartung é o de Serra.

"Aliança branca"
Para driblar a verticalização -que proíbe a coligação nos Estados entre partidos adversários na eleição presidencial-, os capixabas recorreram à "aliança branca". Hartung é o candidato ao governo. As duas vagas ao Senado serão disputadas pelo senador Gerson Camata (PMDB), marido de Rita, tendo um tucano como suplente (estratagema que está sendo utilizado por peemedebistas e tucanos também em outros Estados para prevenir eventuais traições), e o deputado Ricardo Ferraço (PPS).
Os seis partidos - a dissidência é minoritária no PTB e no PFL- mandarão representantes ao ato político de apoio a Serra a ser realizado hoje à tarde, depois que o pré-candidato visitar projetos sociais da Prefeitura de Vitória e almoçar com a família de Rita Camata no município de Venda Nova dos Imigrantes.
"As políticas estaduais guardavam certa autonomia em relação à nacional. A verticalização impôs uma certa coerência", argumenta Vellozo Lucas. "Mas, no Espírito Santo, era preciso formar uma frente para recolocar o Estado nos trilhos. A coligação branca é o preço que tem de pagar quem quer estar nessa frente."
Ao lado de Rita Camata e do prefeito Vellozo Lucas, o último "xerife de preços" do governo Fernando Henrique Cardoso -ele foi o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda no primeiro mandato do presidente, Serra visitará os projetos sociais de Vitória a bordo de uma escuna.



Texto Anterior: Rumo às eleições: Serra defende atual política agrária, "mas bem-feita"
Próximo Texto: Simon volta às origens e investe sobre FHC
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.