São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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Nove dias após ser preterido na chapa de Serra, senador diz que reeleição foi comprada; líder do PSDB reage

Simon volta às origens e investe sobre FHC

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nove dias depois de ter sido preterido na escolha de vice na chapa do pré-candidato do governo José Serra (PSDB-SP), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) voltou a carga contra o governo.
Da tribuna do Senado, Simon disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso "comprou" sua reeleição em vez de se empenhar pela reforma tributária.
Em tom áspero, afirmou: "O presidente não fez reforma tributária porque em um determinado momento, quando o prestígio dele ia às alturas, ele preferiu tratar da reeleição. Ele jogou seu mandato e seu dinheiro para a reeleição. Nem os presidentes ditadores tiveram a coragem de falar em reeleição".
Em seguida, em entrevista, o senador disse que FHC deixou de ser estadista quando usou seu prestígio e sua credibilidade, no momento em que tinha base parlamentar unida, para conseguir aprovar no Congresso a emenda que permitiu a reeleição dele. "Em vez de o presidente fazer as reformas, comprou a reeleição."
Simon apoiou a reeleição no primeiro turno de votação, mas mudou seu voto no segundo.
Na quarta-feira da semana passada, o senador, cotado para ser vice na chapa de Serra à Presidência, teve seu nome descartado com a indicação da deputada Rita Camata (PMDB-ES) para a vaga.
"Posso ter sido vetado porque sempre usei essa linguagem. Se o veto foi em virtude disso, o presidente [FHC" agiu bem porque deu o troco. Prefiro continuar com o meu discurso a ter a simpatia do presidente", disse Simon, ao ser questionado se suas declarações não eram motivadas pela escolha de Rita.

Defesa
O líder do PSDB no Senado, Geraldo Melo (RN), foi escalado pelo Planalto para defender FHC. Ele atribuiu ao Congresso a responsabilidade de votar o projeto de reforma tributária e contestou Simon sobre a reeleição.
"A reeleição não foi feita por um ato institucional. Foi introduzida por reforma à Constituição com discussão congressual e votação amplamente majoritária. FHC pode ter ficado de acordo com essa iniciativa, mas a responsabilidade é do Parlamento brasileiro."
Denúncias sobre a compra de votos para garantir a aprovação da reeleição, publicadas pela Folha em 1997, resultaram na renúncia de dois deputados.
As declarações de Simon foram feitas durante a sessão de discussão da emenda que prorroga até 2004 a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Como queria o governo, o Senado fez ontem duas sessões extras para garantir o cumprimento do calendário acertado com os partidos para votar o primeiro turno da emenda no plenário no próximo dia 4 e o segundo no dia 12.
Apesar de ter sido uma sexta-feira após o feriado de Corpus Christi e ter coincidido com o início da Copa do Mundo, 20 senadores estavam no plenário ontem durante as discussões, um número quatro vezes maior do que o necessário para realizar a sessão.



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