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Nove dias após ser preterido na chapa de Serra, senador diz que reeleição foi comprada; líder do PSDB reage
Simon volta às origens e investe sobre FHC
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nove dias depois de ter sido preterido na escolha de vice na chapa
do pré-candidato do governo José
Serra (PSDB-SP), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) voltou a
carga contra o governo.
Da tribuna do Senado, Simon
disse que o presidente Fernando
Henrique Cardoso "comprou"
sua reeleição em vez de se empenhar pela reforma tributária.
Em tom áspero, afirmou: "O
presidente não fez reforma tributária porque em um determinado
momento, quando o prestígio dele ia às alturas, ele preferiu tratar
da reeleição. Ele jogou seu mandato e seu dinheiro para a reeleição. Nem os presidentes ditadores tiveram a coragem de falar em
reeleição".
Em seguida, em entrevista, o senador disse que FHC deixou de
ser estadista quando usou seu
prestígio e sua credibilidade, no
momento em que tinha base parlamentar unida, para conseguir
aprovar no Congresso a emenda
que permitiu a reeleição dele.
"Em vez de o presidente fazer as
reformas, comprou a reeleição."
Simon apoiou a reeleição no
primeiro turno de votação, mas
mudou seu voto no segundo.
Na quarta-feira da semana passada, o senador, cotado para ser
vice na chapa de Serra à Presidência, teve seu nome descartado
com a indicação da deputada Rita
Camata (PMDB-ES) para a vaga.
"Posso ter sido vetado porque
sempre usei essa linguagem. Se o
veto foi em virtude disso, o presidente [FHC" agiu bem porque
deu o troco. Prefiro continuar
com o meu discurso a ter a simpatia do presidente", disse Simon,
ao ser questionado se suas declarações não eram motivadas pela
escolha de Rita.
Defesa
O líder do PSDB no Senado, Geraldo Melo (RN), foi escalado pelo
Planalto para defender FHC. Ele
atribuiu ao Congresso a responsabilidade de votar o projeto de reforma tributária e contestou Simon sobre a reeleição.
"A reeleição não foi feita por um
ato institucional. Foi introduzida
por reforma à Constituição com
discussão congressual e votação
amplamente majoritária. FHC
pode ter ficado de acordo com essa iniciativa, mas a responsabilidade é do Parlamento brasileiro."
Denúncias sobre a compra de
votos para garantir a aprovação
da reeleição, publicadas pela Folha em 1997, resultaram na renúncia de dois deputados.
As declarações de Simon foram
feitas durante a sessão de discussão da emenda que prorroga até
2004 a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Como queria o governo, o Senado fez ontem duas sessões extras
para garantir o cumprimento do
calendário acertado com os partidos para votar o primeiro turno
da emenda no plenário no próximo dia 4 e o segundo no dia 12.
Apesar de ter sido uma sexta-feira após o feriado de Corpus
Christi e ter coincidido com o início da Copa do Mundo, 20 senadores estavam no plenário ontem
durante as discussões, um número quatro vezes maior do que o
necessário para realizar a sessão.
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