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SOCIAL
Programa só deve começar em 60 dias; presidente também quer a criação de postos de trabalho sem contrapartida federal
Lula lança 1º Emprego com menos verba
GABRIELA ATHIAS
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com muita festa e pouco dinheiro, o governo lançou ontem o
Primeiro Emprego. Na prática, o
programa só começa quando a
União repassar às empresas o dinheiro para pagar os salários dos
jovens carentes de 16 a 24 anos.
Na hipótese mais otimista, isso
deverá ocorrer em 60 dias.
O tempo deve ser esse porque o
governo decidiu criar o programa
Primeiro Emprego por meio de
um projeto de lei. A tramitação
nas duas Casas, Câmara dos Deputados e Senado, deve levar dois
meses.
O presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), disse que o
governo ainda não fez nenhum
acordo para agilizar a tramitação
do projeto.
Já o senador José Sarney
(PMDB-AP), presidente do Senado, afirmou que, caso haja um
acordo, a aprovação poderá levar
menos tempo: até 45 dias.
A meta do Primeiro Emprego é
gerar 260 mil empregos em 12
meses. Para este ano, trabalha-se
com uma meta mais tímida, compatível com o orçamento de R$
140 milhões, cujo pedido de crédito foi enviado ontem ao Congresso Nacional por meio de um projeto de lei.
Para empregar 260 mil jovens
serão necessários R$ 351 milhões.
Esses recursos também financiarão pequenas linhas de crédito
para jovens que quiserem montar
seu próprio negócio ou fazer projetos comunitários.
Haverá critérios diferentes para
o repasse do dinheiro do governo
federal para as empresas, dependendo do tamanho do empreendimento.
As médias e as grandes empresas (com faturamento anual acima de R$ 1,2 milhão) receberão
repasses de R$ 100 para complementar o salário de R$ 240 dos jovens trabalhadores.
As micro e as pequenas empresas receberão R$ 200.
"No futuro, vamos comprovar o
óbvio: é mais barato investir em
educação e geração de emprego
para jovens do que em prisões",
disse o presidente Lula, ao falar
sobre a pressão da sociedade para
que sejam construídos mais presídios de segurança máxima.
O presidente da Força Sindical,
Paulo Pereira da Silva, classificou
o programa de tímido e disse que
tem problemas técnicos.
Luiz Marinho, presidente da
CUT e alinhado com o presidente,
elogiou a iniciativa, mas alertou
que o Primeiro Emprego não é suficiente para aumentar a geração
de empregos no país. Sugeriu investimentos pesados em infra-estrutura, porque isso gera muitos
postos de trabalho.
Cooperação
O presidente Lula pediu aos governadores empenho para que o
programa tenha sucesso. Todos
assinaram um convênio de cooperação com o governo federal.
"É plenamente possível chegar a
500 mil [vagas]", disse o presidente, ao explicar que isso dependerá
do empenho de governadores,
prefeitos e empresários.
Ao ministro Jaques Wagner
(Trabalho), o presidente conferiu
uma tarefa difícil em tempos de
juros altos e desemprego:
"Agora você é governo. Divirta-se e gere os empregos [de] que este país precisa."
Sem contrapartida
Já que poderá ter que esperar 60
dias para pôr o Primeiro Emprego em prática, o governo espera
contar com a cooperação do empresariado na contratação imediata de jovens carentes.
Cerca de 40 empresas e entidades sindicais e empresariais já colocaram à disposição do governo
6.543 vagas que não vão precisar
da contrapartida do governo.
O presidente planeja fazer um
corpo-a-corpo com empresários.
Ele deverá convidá-los para jantar
no Palácio da Alvorada e visitá-los
em suas viagens pelo Brasil, para
tentar elevar o atual número de
postos de trabalho sem contrapartida orçamentária. O governo
chama isso de "responsabilidade
social" das empresas.
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