São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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ELEIÇÕES 2004/ALIANÇAS

Temer desiste de candidatura, entra na chapa do PSB e deixa ex-prefeita com 3º maior tempo na TV

PMDB leva a vice de Erundina e ressuscita quarta via em SP

MURILO FIUZA DE MELO
DA REPORTAGEM LOCAL

O PMDB e o PSB anunciaram ontem uma aliança para disputar a Prefeitura de São Paulo. O presidente peemedebista, deputado Michel Temer, até então pré-candidato, renunciou e será o vice na chapa encabeçada pela ex-prefeita Luiza Erundina (PSB). A coligação conta ainda com o PMN.
O anúncio do acordo, feito ontem à tarde na sede do PMDB paulistano, prevê, segundo líderes do partido, o apoio do PSB ao eventual candidato do PMDB à sucessão estadual de 2006.
O ato contou com a presença de Temer, Erundina e do presidente estadual do PMDB, o ex-governador Orestes Quércia, antigo adversário político da ex-prefeita.
Em 2000, ao comentar a disputa eleitoral daquele ano, o ex-governador disse esperar que a coligação de então, entre o PFL e o PMDB, descesse "o sarrafo no Maluf, no PT e na Erundina".
Com a coligação, a ex-prefeita passa a ter o terceiro maior tempo na propaganda de rádio e TV, atrás de José Serra (PSDB) e de Marta Suplicy (PT). Sem os 20 minutos a serem rateados com todos os demais candidatos, Erundina terá 7min36s no horário eleitoral.
Pesou na decisão do PMDB o fato de Temer não ter tido, até agora, um bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto.
No último levantamento do Datafolha, o deputado aparece com apenas 1%. No Ibope, ele sequer marcou pontuação. Já a deputada está na quarta colocação nas pesquisas de intenção, tanto do Datafolha (8%) quanto do Ibope (9%)
"O fato da Erundina estar muito melhor do que eu nas pesquisas foi levado em consideração, mas não foi determinante. O mais importante foi a construção de uma frente alternativa e a identificação programática", afirmou Temer.

Falta de confiança
A quarta via, idéia lançada há cerca de um mês, previa um candidato comum apoiado por PMDB, PSB, PPS e PDT, para fazer oposição às candidaturas de Serra, Marta e Paulo Maluf (PP). O projeto com os quatro partidos não foi à frente. O PDT lançou o sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, e o PPS decidiu apoiar Serra. Ontem, Quércia fez, sem sucesso, novo apelo a Paulinho.
A construção da frente foi a fórmula encontrada por Quércia para mostrar sua insatisfação com a baixa participação do PMDB paulista no governo Lula e com a própria prefeita Marta Suplicy, que não aceitou entregar a vice de sua chapa ao partido e deu o posto a seu ex-secretário Rui Falcão.
De acordo com Temer, também pesaram na decisão de apoio a Erundina as declarações de Marta no programa Roda Viva, da TV Cultura, que foi ao ar anteontem. Na entrevista, ela disse que vetou a indicação do vice pelo PMDB por não confiar no partido.
"Como podemos apoiar uma pessoa que diz que não confia no nosso partido?", questionou o deputado. Na entrevista à imprensa, Temer brincou e disse que Erundina tem "a confiança do PMDB".
A Folha apurou que uma fita com a gravação do programa foi exibida durante a reunião entre as lideranças peemedebistas, na sede do diretório municipal, pouco antes do anúncio de apoio ao PSB. A exibição causou indignação.
Ao falar do acerto com o PMDB, Erundina elogiou Temer por ter aceitado ser seu vice e afirmou que não pretende "federalizar" a campanha. "Quem está querendo federalizar esta eleição são o PT e o PSDB. São Paulo não é trampolim para ninguém. A campanha começa agora, amanhã [hoje], no debate do qual os três primeiros colocados fugiram", afirmou, referindo-se a decisão de Marta, Serra e Maluf de não comparecerem ao debate da TV Globo.
Temer e Quércia declararam não temer a federalização. "Como se diz no interior, pode vir que é truco", afirmou o ex-governador.
O acerto da coligação entre PSB e PMDB, porém, enfrentou dificuldades até o último momento. O PMDB exigia que a coligação se desse também na chapa de vereadores, o que o PSB não aceitava.
O impasse fez com que o anúncio oficial, marcado para as 16h, atrasasse por mais de uma hora em meia. No fim, após longa negociação, o PSB acabou cedendo.


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