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ELEIÇÕES 2004/ALIANÇAS
Temer desiste de candidatura, entra na chapa do PSB e deixa ex-prefeita com 3º maior tempo na TV
PMDB leva a vice de Erundina e ressuscita quarta via em SP
MURILO FIUZA DE MELO
DA REPORTAGEM LOCAL
O PMDB e o PSB anunciaram
ontem uma aliança para disputar
a Prefeitura de São Paulo. O presidente peemedebista, deputado
Michel Temer, até então pré-candidato, renunciou e será o vice na
chapa encabeçada pela ex-prefeita Luiza Erundina (PSB). A coligação conta ainda com o PMN.
O anúncio do acordo, feito ontem à tarde na sede do PMDB
paulistano, prevê, segundo líderes
do partido, o apoio do PSB ao
eventual candidato do PMDB à
sucessão estadual de 2006.
O ato contou com a presença de
Temer, Erundina e do presidente
estadual do PMDB, o ex-governador Orestes Quércia, antigo adversário político da ex-prefeita.
Em 2000, ao comentar a disputa
eleitoral daquele ano, o ex-governador disse esperar que a coligação de então, entre o PFL e o
PMDB, descesse "o sarrafo no
Maluf, no PT e na Erundina".
Com a coligação, a ex-prefeita
passa a ter o terceiro maior tempo
na propaganda de rádio e TV,
atrás de José Serra (PSDB) e de
Marta Suplicy (PT). Sem os 20 minutos a serem rateados com todos
os demais candidatos, Erundina
terá 7min36s no horário eleitoral.
Pesou na decisão do PMDB o fato de Temer não ter tido, até agora, um bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto.
No último levantamento do Datafolha, o deputado aparece com
apenas 1%. No Ibope, ele sequer
marcou pontuação. Já a deputada
está na quarta colocação nas pesquisas de intenção, tanto do Datafolha (8%) quanto do Ibope (9%)
"O fato da Erundina estar muito
melhor do que eu nas pesquisas
foi levado em consideração, mas
não foi determinante. O mais importante foi a construção de uma
frente alternativa e a identificação
programática", afirmou Temer.
Falta de confiança
A quarta via, idéia lançada há
cerca de um mês, previa um candidato comum apoiado por
PMDB, PSB, PPS e PDT, para fazer oposição às candidaturas de
Serra, Marta e Paulo Maluf (PP).
O projeto com os quatro partidos
não foi à frente. O PDT lançou o
sindicalista Paulo Pereira da Silva,
o Paulinho, e o PPS decidiu apoiar
Serra. Ontem, Quércia fez, sem
sucesso, novo apelo a Paulinho.
A construção da frente foi a fórmula encontrada por Quércia para mostrar sua insatisfação com a
baixa participação do PMDB paulista no governo Lula e com a própria prefeita Marta Suplicy, que
não aceitou entregar a vice de sua
chapa ao partido e deu o posto a
seu ex-secretário Rui Falcão.
De acordo com Temer, também
pesaram na decisão de apoio a
Erundina as declarações de Marta
no programa Roda Viva, da TV
Cultura, que foi ao ar anteontem.
Na entrevista, ela disse que vetou
a indicação do vice pelo PMDB
por não confiar no partido.
"Como podemos apoiar uma
pessoa que diz que não confia no
nosso partido?", questionou o deputado. Na entrevista à imprensa,
Temer brincou e disse que Erundina tem "a confiança do PMDB".
A Folha apurou que uma fita
com a gravação do programa foi
exibida durante a reunião entre as
lideranças peemedebistas, na sede do diretório municipal, pouco
antes do anúncio de apoio ao PSB.
A exibição causou indignação.
Ao falar do acerto com o PMDB,
Erundina elogiou Temer por ter
aceitado ser seu vice e afirmou
que não pretende "federalizar" a
campanha. "Quem está querendo
federalizar esta eleição são o PT e
o PSDB. São Paulo não é trampolim para ninguém. A campanha
começa agora, amanhã [hoje], no
debate do qual os três primeiros
colocados fugiram", afirmou, referindo-se a decisão de Marta,
Serra e Maluf de não comparecerem ao debate da TV Globo.
Temer e Quércia declararam
não temer a federalização. "Como
se diz no interior, pode vir que é
truco", afirmou o ex-governador.
O acerto da coligação entre PSB
e PMDB, porém, enfrentou dificuldades até o último momento.
O PMDB exigia que a coligação se
desse também na chapa de vereadores, o que o PSB não aceitava.
O impasse fez com que o anúncio oficial, marcado para as 16h,
atrasasse por mais de uma hora
em meia. No fim, após longa negociação, o PSB acabou cedendo.
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