São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PUBLICITÁRIO

Sigilos bancário, fiscal e telefônico da mulher do publicitário e de sua ex-secretária Fernanda Karina também foram quebrados

CPI quebra sigilos de agências de Valério

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE


A CPI dos Correios aprovou ontem a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, de sua mulher, Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza, e da secretária Fernanda Karina Somaggio, que trabalhou para o empresário acusado de ser operador do "mensalão" pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Além deles, a CPI também votou os requerimentos aprovando a quebra dos mesmos sigilos de Maurício Marinho, ex-chefe de departamento dos Correios flagrado em uma gravação de vídeo recebendo propina, e de Antônio Velasco, que afirmou ter idealizado a gravação feita nos Correios.
Anteontem, os membros da comissão já haviam aprovado a quebra dos sigilos (dos últimos cinco anos) de Marcos Valério e do empresário Washeck. A justificativa para a quebra dos sigilos de Marcos Valério, de sua mulher e das empresas (DNA, SMPB, Grafitti, Estratégia Marketing e Multi Action) são os contratos com os Correios. Nos outros casos, o motivo é o envolvimento nas acusações.

Polícia Federal
A Polícia Federal também pediu a quebra dos sigilos bancários da SMPB Comunicação e DNA Propaganda. O pedido foi apresentado pelo delegado Cláudio Ribeiro, da PF de Brasília à Justiça Federal de Belo Horizonte.
A PF apresentou também pedido de quebra de sigilo fiscal de Valério e de todos os sócios das agências, entre eles Renilda Santiago, mulher de Valério.
Também são sócios na SMPB Cristiano Paz e Ramon Cardoso. Os outros sócios na DNA são Francisco Castilho e Margareth Queiroz Freitas, além da Graffiti Participações (da qual são sócios Renilda e Ramon Cardoso).
Na lista da quebra de sigilo fiscal está também a Holding Brasil, empresa do vice-governador de Minas, Clésio Andrade (PL), que foi sócio das agências de publicidade de 1996 a 1998. Todos as pessoas físicas e jurídicas que tiveram pedido de quebra de sigilos apresentados estão citadas no relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Depois de ouvir o depoimento deValério, anteontem, à Corregedoria da Câmara, o deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL) chegou a redigir um ofício à Procuradoria Geral da República no qual listava elementos para um pedido de prisão preventiva de Valério.
O ofício seria endereçado ao procurador-geral da República, Claudio Fonteles, com a data de ontem. No texto, o deputado requeria uma ação penal, argumentando que Valério "passou a ser, além de réu potencial, fonte de informações, o que representa sérias ameaças." Com o ofício em mãos, Carimbão acabou desencorajado de enviá-lo pelos demais integrantes da comissão. Ouviu dos colegas que o texto estava mal fundamentado e que seria melhor aguardar o depoimento de Valério à CPI dos Correios.

Osório
Ontem pela manhã, o ex-diretor de Administração dos Correios, Antônio Osório afirmou na CPI que não tinha como saber tudo o que Maurício Marinho, seu subordinado, fazia na empresa, e creditou as acusações a interesses comerciais contrariados.
Ele jurou "por Deus" que ninguém lhe pediu para obter contribuições para as campanhas do PTB, que o indicou para o cargo. No depoimento, Osório tentou proteger Jefferson. Ele assumiu a responsabilidade pela indicação de Marinho para a chefia do departamento de Contratação e Administração. Marinho foi o pivô do escândalo em torno da estatal ao ser gravado recebendo R$ 3.000 de empresários e detalhando esquemas de fraude em licitações. Ele afirma no vídeo que operava com Jefferson, Osório e o assessor Fernando Godoy.
"Como eu, no 17º andar, vou saber que meu subordinado está roubando R$ 3.000 lá embaixo?", disse Osório. Ele tentou se eximir da responsabilidade pelos atos de seu subordinado. "O dr. Maurício Marinho me chocou muito quando vi aquela imagem dele recebendo R$ 3.000, porque era dentro do serviço público, no prédio dos Correios", disse Osório. (FK, CG, LS e PP)

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