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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PUBLICITÁRIO
Sigilos bancário, fiscal e telefônico da mulher do publicitário e de sua ex-secretária Fernanda Karina também foram quebrados
CPI quebra sigilos de agências de Valério
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A CPI dos Correios aprovou
ontem a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de empresas
do publicitário Marcos Valério
Fernandes de Souza, de sua mulher, Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza, e da secretária
Fernanda Karina Somaggio, que
trabalhou para o empresário acusado de ser operador do "mensalão" pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Além deles, a CPI também votou os requerimentos aprovando
a quebra dos mesmos sigilos de
Maurício Marinho, ex-chefe de
departamento dos Correios flagrado em uma gravação de vídeo
recebendo propina, e de Antônio
Velasco, que afirmou ter idealizado a gravação feita nos Correios.
Anteontem, os membros da comissão já haviam aprovado a quebra dos sigilos (dos últimos cinco
anos) de Marcos Valério e do empresário Washeck. A justificativa
para a quebra dos sigilos de Marcos Valério, de sua mulher e das
empresas (DNA, SMPB, Grafitti,
Estratégia Marketing e Multi Action) são os contratos com os Correios. Nos outros casos, o motivo
é o envolvimento nas acusações.
Polícia Federal
A Polícia Federal também pediu
a quebra dos sigilos bancários da
SMPB Comunicação e DNA Propaganda. O pedido foi apresentado pelo delegado Cláudio Ribeiro,
da PF de Brasília à Justiça Federal
de Belo Horizonte.
A PF apresentou também pedido de quebra de sigilo fiscal de
Valério e de todos os sócios das
agências, entre eles Renilda Santiago, mulher de Valério.
Também são sócios na SMPB
Cristiano Paz e Ramon Cardoso.
Os outros sócios na DNA são
Francisco Castilho e Margareth
Queiroz Freitas, além da Graffiti
Participações (da qual são sócios
Renilda e Ramon Cardoso).
Na lista da quebra de sigilo fiscal
está também a Holding Brasil,
empresa do vice-governador de
Minas, Clésio Andrade (PL), que
foi sócio das agências de publicidade de 1996 a 1998. Todos as pessoas físicas e jurídicas que tiveram
pedido de quebra de sigilos apresentados estão citadas no relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Depois de ouvir o depoimento
deValério, anteontem, à Corregedoria da Câmara, o deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL) chegou a redigir um ofício à Procuradoria Geral da República no qual
listava elementos para um pedido
de prisão preventiva de Valério.
O ofício seria endereçado ao
procurador-geral da República,
Claudio Fonteles, com a data de
ontem. No texto, o deputado requeria uma ação penal, argumentando que Valério "passou a ser,
além de réu potencial, fonte de informações, o que representa sérias ameaças." Com o ofício em
mãos, Carimbão acabou desencorajado de enviá-lo pelos demais
integrantes da comissão. Ouviu
dos colegas que o texto estava mal
fundamentado e que seria melhor
aguardar o depoimento de Valério à CPI dos Correios.
Osório
Ontem pela manhã, o ex-diretor
de Administração dos Correios,
Antônio Osório afirmou na CPI
que não tinha como saber tudo o
que Maurício Marinho, seu subordinado, fazia na empresa, e
creditou as acusações a interesses
comerciais contrariados.
Ele jurou "por Deus" que ninguém lhe pediu para obter contribuições para as campanhas do
PTB, que o indicou para o cargo.
No depoimento, Osório tentou
proteger Jefferson. Ele assumiu a
responsabilidade pela indicação
de Marinho para a chefia do departamento de Contratação e Administração. Marinho foi o pivô
do escândalo em torno da estatal
ao ser gravado recebendo R$
3.000 de empresários e detalhando esquemas de fraude em licitações. Ele afirma no vídeo que operava com Jefferson, Osório e o assessor Fernando Godoy.
"Como eu, no 17º andar, vou saber que meu subordinado está
roubando R$ 3.000 lá embaixo?",
disse Osório. Ele tentou se eximir
da responsabilidade pelos atos de
seu subordinado. "O dr. Maurício
Marinho me chocou muito quando vi aquela imagem dele recebendo R$ 3.000, porque era dentro do serviço público, no prédio
dos Correios", disse Osório.
(FK, CG, LS e PP)
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