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SUCESSÃO
Governo distribui 30 mil cartazes para divulgar nova moeda e promove realizações; custo de campanha não é revelado
Aniversário do Real vira evento eleitoral
RENATA GIRALDI
WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília
O presidente
Fernando Henrique Cardoso
vai transformar
as comemorações do aniversário do Real em
um grande
evento eleitoral.
Em 94, foi lançada uma nova
moeda. Hoje, será lançada a nova
coleção de moedas de real, que
custou aos cofres públicos R$ 326
milhões. Hoje, como em 94, quando era candidato à Presidência, a
meta de FHC é a mesma: fazer do
Plano Real o carro-chefe do programa de reeleição.
Além de lançar a coleção de novas moedas de real, o governo
mandou distribuir 30 mil cartazes
pelo país, exibir vídeos nas emissoras de TV e dependurar painéis
gigantes nos prédios dos ministérios -toda a propaganda afirma
que o país mudou após o plano.
A Folha apurou que a Secretaria
de Comunicação Social, ligada ao
Palácio do Planalto e responsável
pela publicidade do aniversário,
proibiu a divulgação dos custos
envolvendo a campanha. O mesmo ocorreu no Banco Central, no
Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal -que nada informaram, apesar de terem custeado as
peças publicitárias.
A Folha ouviu das assessorias da
Caixa e do BB que não tinham autorização para informar sobre os
gastos. No Banco Central, a orientação foi para procurar o secretário de Relações Institucionais da
entidade, Gerson Bonani, que não
atendeu as ligações telefônicas.
A agência Atual Propaganda,
com sede em Brasília, foi encarregada pelo Banco Central de elaborar toda a publicidade a respeito
das novas moedas de real. A Folha
procurou a sócia-diretora da empresa, Patrícia Figueiredo, mas
não foi atendida, embora tenha
deixado três recados.
Erro no livro
O centro das comemorações dos
quatro anos do Plano Real, hoje,
em Brasília, será a solenidade de
substituição das moedas.
Em uma festa, organizada pelo
Banco do Brasil, no centro do treinamento da instituição, FHC, o
ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Gustavo Franco, farão um balanço sobre os efeitos do plano na
sociedade.
Na semana passada, o governo
elaborou um documento detalhando as realizações durante os
quatro anos do Real e divulgou o
material por meio da Internet.
Nele, FHC apontou ontem um
erro: o número de livros didáticos
distribuídos foi de 116 milhões ano
passado, e não 64,7 milhões.
No evento de hoje, a divulgação
será didática: por meio de vídeos,
um deles protagonizado pelo ator
Paulo Autran e outro com gravações de depoimentos, o governo
pretende mostrar que a população
aprova o plano.
FHC começou desde ontem a divulgar os efeitos do Real. Após
usar o programa semanal de rádio, que vai ao ar todas as terças-feiras, ele falou durante 50 minutos para um grupo de oficiais
militares, reunidos no Planalto,
destacando as vantagens do plano.
Superando crises
O mesmo discurso deverá ser repetido hoje, quando FHC dirá que
o governo, por meio do Real, conseguiu superar os efeitos de várias
crises econômicas, como a do México (em 1994) e a da Ásia (em
1997), diminuiu em dez pontos
percentuais os níveis de pobreza e
aumentou o salário médio dos trabalhadores.
Aproveitando o aniversário do
Real, o presidente deverá falar sobre a CPMF (o imposto provisório
que sustenta a saúde) e a reforma
agrária.
Destacará que a saúde ganhou
após a implantação do tributo e
que haverá 300 mil famílias assentadas até o fim do ano.
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