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CAIXA BAIXA
Intervenção no São Francisco vai dobrar verba de Ciro
Gomes
Transposição de rio levará R$ 1 bi do Orçamento 2005
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com R$ 1,073 bilhão de gastos
previstos no Orçamento e com repercussão direta em quatro Estados do Nordeste, o início da transposição do rio São Francisco será
a principal obra do governo Lula
em 2005, segundo o projeto de lei
encaminhado ao Congresso.
A obra fez mais que dobrar a
previsão de gastos do Ministério
da Integração Nacional -de R$
911 milhões para R$ 1,839 bilhão- e transformou o ministro
Ciro Gomes (PPS) no campeão da
disputa por verbas na Esplanada,
em termos proporcionais. Quem
mais perdeu foi o petista Olívio
Dutra (Cidades), cuja pasta tem
como prioridade obras de saneamento: 13% de R$ 887 milhões
previstos neste ano após os cortes.
Os detalhes do projeto de Orçamento, que será votado no Congresso até o fim do ano, foram
apresentados ontem pelo ministro Guido Mantega (Planejamento). "O Orçamento de 2005 é o do
crescimento com inclusão social."
O crescimento econômico (estimado em 4% para o ano que vem)
explica em grande parte o aumento da arrecadação de tributos da
União em 2005, de R$ 46,8 milhões, quase o mesmo valor que a
União terá de economizar de gastos no ano que vem para pagar juros da dívida, segundo as metas
fiscais acertadas com o FMI.
O ministro insistiu em que não
haverá aumento da carga de impostos cobrados da sociedade. A
receita crescerá por conta do ritmo da economia e do combate à
sonegação por parte da Previdência Social, que criará uma nova secretaria destinada a aumentar o
cerco aos devedores do INSS.
"É o aumento do PIB que ajuda
a elevar a receita, não podemos ter
medo do crescimento", afirmou
Mantega, indiferente às indicações do Banco Central de que a taxa de juros poderá voltar a subir.
O destaque nos gastos previstos
na área social é a ampliação do
Bolsa Família, programa de transferência de renda que pagou até
R$ 95 por mês a 4,1 milhões de famílias até agosto. Em 2005, a meta
é atingir 8,7 milhões de famílias,
sem direito a reajuste do valor pago. A verba do programa passa de
R$ 5,9 bilhões para R$ 6,5 bilhões.
Com a política social, o governo
prevê um aumento das verbas de
R$ 43,2 bilhões para R$ 49,1 bilhões, alta de 14% nos gastos em
2005 -percentual mais modesto
do que os 23% de aumento registrado neste ano em relação a 2003.
Entre os ministérios sociais, foi o
da Educação que ganhou mais: R$
1,6 bilhão em relação a 2004.
O setor de infra-estrutura registra um aumento proporcional de
verbas bem maior do que as políticas sociais: 40%, passando de R$
7,4 bilhões para R$ 10,4 bilhões.
Nessa área, o governo pretende
dar destaque à manutenção de rodovias federais e à construção de
dois novos trechos da BR-101.
Na transposição do São Francisco, a idéia é iniciar as obras dos eixos Norte e Leste e beneficiar 8,5
milhões de pessoas, 30% da população do Polígono das Secas. A
obra é polêmica desde o Império.
Investimento estável
Mantega confia num sinal verde
do FMI para ampliar os investimentos da União além das previsões feitas no projeto orçamentário. O governo quer excluir da
meta de superávit primário (economia de gastos para pagamento
de juros) projetos considerados
"altamente rentáveis", ainda não
definidos, mas capazes de ajudar
a reduzir a dívida no futuro. Além
disso, o ministro acredita que os
investimentos crescerão durante
a tramitação do Orçamento no
Congresso -as emendas destinadas aos investimentos poderão
consumir mais R$ 2,4 bilhões.
Com os investimentos extraordinários (condicionados ao aval
do FMI) e as emendas, o Ministério do Planejamento inflou para
R$ 15,8 bilhões a estimativa de investimentos da União em 2005,
embora o projeto de lei indique
oficialmente R$ 11,4 bilhões, menos do que o valor autorizado pela lei orçamentária de 2004.
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