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Para secretária nacional,
promotor deve investigar
ANDRÉA MICHAEL
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A secretária de nacional Justiça,
Cláudia Chagas, disse ontem que
a sociedade "perderá muito" caso
o Supremo Tribunal Federal impeça hoje que o Ministério Público faça investigações criminais.
Em meio ao melindre político
-pois há autoridades do governo contrárias ao poder de investigação do MP-, Chagas, que é
promotora de Justiça e atuava na
área criminal antes de assumir o
cargo, disse também em caráter
pessoal que, a depender do STF,
será preciso rever alguns pontos
da Encla (Estratégia Nacional de
Combate à Lavagem de Dinheiro)
-conjunto de medidas em implantação desde o final de 2003.
"Pessoalmente, acho que alguns
abusos não justificam retirar o
poder de investigação do MP. Se
ocorrer, vamos perder muito."
A questão sobre o poder de investigação do Ministério Público
está na pauta de hoje do STF após
dois adiamentos. Será analisado
recurso do deputado Remi Trinta
(PL-MA), no qual contesta acusação de desvio de dinheiro do SUS
porque a investigação foi feita só
por procuradores, sem a polícia.
O ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça) diz ser preciso definir com clareza o papel do Ministério Público. Pela Constituição, a instituição é a titular da
ação penal. Só os procuradores ou
promotores podem denunciar alguém à Justiça pela prática de crime. Para Thomaz Bastos, se o STF
sacramentar que o Ministério Público pode investigar, essa atribuição não se restringirá à área penal.
O procurador Antimáfia da Itália, Piero Luigi Vigna, que participa de evento em Brasília, disse ter
ficado surpreso ao saber que no
Brasil a lei não assegura ao Ministério Público o poder de investigar. "Num sistema no qual só a
polícia possa investigar, a apuração dependerá de quem está no
poder." O presidente da Primeira
Comissão do Conselho Superior
de Magistratura da Itália, Giovanni Salvi, também defendeu o MP.
Segundo o criminalista Arnaldo
Malheiros Filho, é "tarefa do STF
dizer se o poder de investigação
do MP está de acordo com a legislação". Para Malheiros, não está.
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