São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2004

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RUMO A 2006

Em público, elogia moçambicano por evitar pleito, mas critica no bastidor

Lula tem duas versões para reeleição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a discussão em torno de sua reeleição em 2006 já iniciada por parlamentares e ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou ontem um sinal de valorização da democracia a decisão de seu colega moçambicano, Joaquim Chissano, de não concorrer a um novo mandato -mas, ao mesmo tempo, questionou a opção de Chissano, que está há 18 anos no poder.
"Neste ano, teremos eleições em Moçambique, e eu sei que vossa excelência não concorrerá à reeleição. Isso é mais uma demonstração de que vocês conseguiram, após 16 anos de guerrilha, aprender a valorizar o simbolismo e o valor real do exercício da democracia", afirmou Lula, em solenidade no Palácio do Planalto, onde recebeu Chissano.
O presidente moçambicano, porém, disse que, em conversa reservada com Lula, ouviu do brasileiro que sua decisão de não pleitear a reeleição foi "mal tomada".
No mês passado, em visita à República Dominicana, Lula disse, em tom de brincadeira, que havia viajado ao Gabão "para aprender como um presidente [Omar Bongo] consegue ficar 37 anos no poder". O tema da reeleição de Lula em 2006 é prioridade tanto para o ministro José Dirceu (Casa Civil) como pelo presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP).
Logo após anunciar o perdão de 95% da dívida de US$ 331 milhões de Moçambique com o Brasil, Lula fez lobby em prol da Companhia Vale do Rio Doce numa concorrência para a exploração de minas de carvão no país africano.
"Eu estou muito otimista, torcendo e fazendo o que é possível para que a nossa Vale do Rio Doce possa conseguir ter o seu projeto aprovado e ser a ganhadora da concorrência pública que haverá em Moçambique." Chissano agradeceu o perdão da dívida, mas não se comprometeu com Lula: "Vai ganhar quem apresentar as melhores condições".


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