São Paulo, Quarta-feira, 01 de Setembro de 1999
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REAÇÃO GOVERNISTA
Aposentadorias e servidores inativos consumirão 37,8% dos projetos de FHC no 2º mandato
Previdência domina Plano Plurianual

Sérgio Lima/Folha Imagem
O presidente FHC durante a apresentação do "Avança Brasil"


MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília

O pagamento de aposentadorias e de benefícios a servidores aposentados consome a maior parcela (37,8%) dos investimentos do novo Plano Plurianual anunciado ontem com as prioridades do governo para o período de 2000 a 2003.
O projeto tem o mesmo nome do programa que o presidente Fernando Henrique Cardoso apresentou na campanha da reeleição, em 1998: ""Avança Brasil".
O volume de gastos com Previdência ultrapassa até os investimentos em infra-estrutura (energia elétrica, telecomunicações e transportes), apontados na campanha de FHC como a maior fonte de geração de empregos.
Do total previsto no PPA (R$ 984,9 bilhões), os investimentos em infra-estrutura somam R$ 212 bilhões, contando com o dinheiro da iniciativa privada (21,6%).
Apesar de estar comprometido, em grande parte, com gastos previdenciários, o Plano Plurianual prevê a criação de 8,5 milhões de empregos. É mais do que os 7,8 milhões de empregos prometidos na campanha da reeleição.
As novas vagas seriam suficientes para empregar quem ingressar no mercado de trabalho até 2003, um ano depois do fim do mandato de FHC, e ainda ocupar cerca de 1 milhão de desempregados.
O número de vagas foi calculado, segundo o secretário de Planejamento do ministério, José Silveira, com base em modelo matemático. O cálculo levou em conta, principalmente, o cenário de crescimento entre 4% e 5% de 2000 a 2003 desenhado pelo próprio governo. No final do período, a taxa de desemprego cairá dos atuais 7,5% para 6%, estima o plano.
Com o novo PPA, FHC quer provar que não há contradição entre o ajuste fiscal e o desenvolvimento econômico, reclamado por governistas e pela oposição.
O plano depende de aprovação pelo Congresso e, como o Orçamento da União, serve de orientação para os gastos públicos.

Origem dos recursos
Tributos cobrados pela União devem bancar a maior parte dos investimentos previstos para os próximos quatro anos. Recursos públicos respondem por 66,6%.
Os investimentos privados representarão menos de 10% do total, indica resumo do PPA distribuído ontem. Detalhes do plano ainda não estão disponíveis.
Junto com os recursos de parceria com Estados e municípios, os investimentos da iniciativa privada somam 10,4%. É menos do que as empresas estatais investirão no mesmo período -10,6% do total.
Segundo José Silveira, não houve queda na expectativa de participação privada nos programas de desenvolvimento do país.
Estudo preliminar contratado pelo governo aponta uma expectativa de investimentos privados correspondente a 25% do total dos investimentos básicos para o desenvolvimento. Esse mesmo estudo, que exclui gastos previdenciários, estima em 18% a parcela que seria bancada pela arrecadação de tributos da União.


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