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ORÇAMENTO
Pelo menos cinco empreendimentos foram condenados pelo TCU
Governo prevê verbas para obras com irregularidades
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na proposta do Orçamento para 2001, o governo previu a liberação de recursos para, pelo menos,
cinco obras apontadas como irregulares pelo TCU (Tribunal de
Contas da União).
As cinco obras estão na nova lista de empreendimentos considerados irregulares enviada ontem
ao Congresso Nacional.
Na lista, que inclui 66 empreendimentos, a maior parte das obras
públicas irregulares está no Piauí
-sete processos.
Duas obras com recursos liberados no Orçamento são da área de
infra-estrutura para irrigação: Tabuleiro de Russas (CE) e Serra Talhada (PE).
As outras três são rodovias -a
BR-381 (Fernão Dias, que liga São
Paulo a Minas Gerais), BR-163
(MT-PA), BR-135 (no trecho Colinas-Orozimbo, Maranhão).
Responsabilidade
O Ministério do Planejamento
tem afirmado que é responsabilidade do Congresso Nacional liberar ou bloquear recursos para
qualquer obra com indícios de irregularidades durante o período
de tramitação da proposta do Orçamento.
Mas, no trabalho de avaliação
das obras feito pelo ministério antes do envio da proposta orçamentária para o Congresso Nacional, o governo havia concluído
que 15 delas consideradas irregulares já poderiam ter seus recursos liberados. Entre elas estão as
cinco da nova lista do Tribunal de
Contas da União.
A duplicação da rodovia Fernão
Dias vem sendo repetidamente citada nas listas do Tribunal de
Contas da União por causa de irregularidades verificadas nas desapropriações feitas nos arredores de Betim (MG).
A maior parte da nova lista divulgada pelo tribunal de contas
está concentrada em trechos rodoviários e em projetos de infra-estrutura hídrica.
Campeã
A adutora do Oeste (PE) é a obra
com mais irregularidades. Pelo
menos dez falhas, como contratos
sem licitação, prejuízos por compra antecipada de material e pagamentos por serviços não executados, foram detectadas na obra
pernambucana.
A nova lista de obras traz uma
curiosidade relacionada ao trabalho de adequação da BR-101 no
Estado de Pernambuco.
Segundo os auditores do TCU,
uma das irregularidades graves
encontradas na obra é um pagamento ao banco OK, que pertence
ao senador cassado Luiz Estevão
(PMDB-DF), que, na realidade,
deveria ser destinado à construtora Ikal, do empresário Fábio
Monteiro de Barros.
O relacionamento entre a construtora Ikal e o grupo OK veio à
tona com as denúncias de superfaturamento na obra do edifício
do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
Pelo relatório do Tribunal de
Contas da União, outros pagamentos feitos à construtora Ikal
por essa obra foram autorizados
sem que fosse comprovada a regularidade fiscal da empresa.
Outras obras
A obra do Fórum Trabalhista de
São Paulo continua na lista com
outras duas do Poder Judiciário e
uma do Ministério Público -a
construção do edifício anexo do
Tribunal Regional Federal do Rio
de Janeiro, a recuperação do Palácio da Justiça no Distrito Federal e
a construção da nova sede do Ministério Público, também no Distrito Federal.
No caso do edifício do Ministério Público, a irregularidade
apontada é a contratação, sem licitação, do escritório do arquiteto
Oscar Niemeyer. Pela lei, não é
necessária licitação para os projetos arquitetônicos de Niemeyer.
O escritório, porém, teria um
contrato mais amplo.
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