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ÍNDIOS
Dinarte Madeiro aguarda liberação de verbas para iniciar retirada de 500 a 1.000 invasores das terras indígenas
PF e Funai planejam tirar garimpeiros da reserva ianomâmi
ANDRÉA DE LIMA
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA
A Funai e Polícia Federal devem
realizar dentro de 15 dias uma
operação para retirar de 500 a
1.000 garimpeiros da reserva indígena ianomâmi, nos Estados de
Roraima e Amazonas.
A decisão vai ser proposta amanhã em relatório aos órgãos federais e ao Ministério da Justiça pelo
diretor de Assistência da Funai
(Fundação Nacional do Índio),
Dinarte Nobre Madeiro, 55.
"Essa operação está condicionada à liberação de verba pelo governo federal", disse o diretor da
Funai. Madeiro realizou esta semana três sobrevôos na reserva e
constatou os sinais de garimpo.
Segundo ele, para chegar às
margens dos rios, onde é feita a
extração do ouro, os garimpeiros
estão usando cinco aeronaves que
sairiam do aeroporto de Boa Vista
(RR) em vôos irregulares.
"Eles usam balsas e maquinário
de sucção de areia", disse o diretor do órgão. Segundo Madeiro,
"as pistas de pouso foram reativadas, e os rios estão com as águas
escuras: um reflexo da contaminação por mercúrio e uso do maquinário". Madeiro reconheceu
que a nova invasão de garimpeiros, iniciada no início do segundo
semestre deste ano, é consequência da falta de recursos da Funai.
"Sem recursos, não podemos
dar continuidade à manutenção e
fiscalização da área. Por isso, eles
entraram de novo na reserva."
Na terça-feira, Madeiro, acompanhado do administrador-regional-interino da Funai, Martinho Andrade Júnior, sobrevoou o
rio Mucajaí: "Nessa áreas localizamos garimpeiros trabalhando nos
rios Mucajaí, Belonumes e Parima. Ali detectamos a reativação
das pistas de pouso e decolagem.
Nas cabeceiras das pistas estão os
barracos dos garimpeiros".
Na região do Xidéia, onde as aldeias dos ianomâmis estão bem
na faixa de fronteira com a Venezuela, o diretor de Assistência da
Funai localizou os garimpeiros no
rio Parafuri. Lá, eles reativaram
duas pistas clandestinas. Na quarta, Madeiro fez nova vistoria: "Sobrevoamos os rios Ericó e Uaricaá. Os garimpeiros chegaram a
esses rios entrando a pé pelas regiões do Tepequém (norte de Boa
Vista) e Ilha de Maracá. Eles também usam voadeiras (lanchas)".
Na região do Apiaú, em Alto
Alegre (RR), os funcionários da
Funai detectaram movimentação
de garimpeiros até as cabeceiras
do rio Catrimani. Nessa área, as
pistas do Neném Velho e Chico
Velho também foram reativadas.
Seis ONGs que prestam atendimento de saúde aos ianomâmis
entraram com uma representação no Ministério Público Federal, no dia 19, para denunciar a incursão e ameaças de garimpeiros.
Elas relataram a morte de cinco
índios e um garimpeiro neste ano.
Entre 1991 e 1992, Madeiro foi o
responsável pela retirada de 8.500
garimpeiros da reserva ianomâni.
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