São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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Projeções apontam equilíbrio entre governistas

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se se confirmarem as pesquisas para as grandes cidades e as projeções feitas pelos principais partidos, pouca coisa mudará no quadro político partidário depois das eleições municipais.
As três principais siglas que apóiam o Planalto -PSDB, PFL e PMDB- devem sair mais ou menos do tamanho que entraram. PFL e PMDB falam em algum aumento de cidades. O PSDB acha que ficará tudo como está.
O PT, maior partido de oposição, anuncia diariamente que deve dobrar seu eleitorado. Mas isso ainda depende de várias disputas apertadas, como em São Paulo.
É imprevisível o que acontecerá nos 5.559 municípios em que há eleição. Não há pesquisas confiáveis para todo esse universo.
Um possível termômetro sobre o que pode acontecer em grandes centros é a situação nas 26 capitais em que haverá eleição hoje (Brasília, a 27ª, não elege prefeito).
Hoje, partidos aliados do presidente Fernando Henrique Cardoso governam 19 das 26 capitais. Os de oposição (PT, PDT e PSB) mandam em outras sete.

PSDB
Projeções dos partidos e pesquisas do Datafolha em dez capitais demonstram que as siglas fernandistas têm chance de ficar com 16 das 26 capitais.
Nessa projeção, o PSDB se manteria onde está: governando capitais periféricas. Os tucanos hoje têm Cuiabá (MT), Goiânia (GO), Teresina (PI) e Vitória (ES).
Segundo cálculos do PSDB, certo mesmo é que os tucanos possam manter Cuiabá, Teresina e Vitória. Goiânia deve ficar para o segundo turno.
Outra aposta tucana é conquistar a Prefeitura de Boa Vista (RR). Outras capitais estão mais difíceis. São Paulo depende do desempenho de hoje de Geraldo Alckmin.
"A eleição não foi federalizada como queria a oposição. Vamos manter nossas prefeituras. Devemos até ganhar em alguns lugares novos", diz o ministro tucano Aloysio Nunes Ferreira, da Secretaria Geral da Presidência.
A oposição tem dito que o PSDB sairá derrotado. "O PSDB ficará confinado às cidades pequenas", diz o presidente do PT, deputado federal José Dirceu (SP).
Mas, se mantiver as suas quatro capitais -ainda que sejam de menor peso político-, o PSDB ficará, no mínimo, do mesmo tamanho que tem hoje.

PFL e PMDB
Assim como os tucanos, pefelistas e peemedebistas tendem a manter um número semelhante de capitais que hoje governam.
O PFL tem seis prefeituras: Curitiba (PR), Macapá (AP), Palmas (TO), Recife (PE), Rio (RJ) e Salvador (BA). Dessas, segundo o Datafolha, o partido tem chance de faturar três já no primeiro turno: Curitiba, Recife e Salvador.
Em Macapá e Palmas, o partido está com dificuldades de reeleição, segundo disseram à Folha representantes da cúpula pefelista. No Rio, Luiz Paulo Conde disputará o segundo turno.
"Vamos aumentar o número de prefeitos nesta eleição, com toda a segurança", diz o presidente do Senado e principal líder do PFL, Antonio Carlos Magalhães (BA).
Apesar do otimismo de ACM, a expectativa da direção do PFL nas capitais é manter, pelo menos, quatro cidades sob seu governo. A grande surpresa seria a vitória de Romeu Tuma em São Paulo. Mas essa possibilidade é dada como zebra entre os próprios pefelistas.
O PMDB está atualmente em cinco capitais: Campo Grande (MS), Aracaju (SE), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB) e Rio Branco (AC).
Pelas contas da direção do PMDB, a sigla é favorita em Campo Grande, Fortaleza, João Pessoa e Rio Branco. Em Aracaju sofre intensa oposição do PT, com o ex-líder petista na Câmara Marcelo Déda disputando a prefeitura.
Os peemedebistas também consideram apertada a disputa em Rio Branco. O Acre é governado pelo PT desde 1999. O governador Jorge Viana tem feito intensa campanha para conquistar a capital do Estado para o seu partido.

PPB, PTB e nanicos
O PPB prevê como certo apenas manter a prefeitura da capital de Santa Catarina, Florianópolis, governada hoje por Ângela Amin -mulher do governador daquele Estado, Esperidião Amin.
A outra grande cidade em que poderia haver uma vitória pepebista seria São Paulo. Mas isso depende da passagem de Paulo Maluf para o segundo turno.
Se Maluf ficar fora em São Paulo, o PPB paulista sairá mais enfraquecido do que o normal.
Em sua última derrota -para Mário Covas, em 1998, na eleição pelo governo do Estado-, Maluf pelo menos chegou ao segundo turno. Agora, corre o risco de ser alijado da disputa na fase inicial.
Outros partidos menores têm uma presença pequena nas capitais. O PTN governa São Paulo pelas mãos de Celso Pitta apenas porque o prefeito paulistano encontrou dificuldade para se abrigar em siglas de maior expressão.
O candidato de Pitta é Zé de Abreu. Tem oscilado apenas dentro da margem de erro da pesquisa, perto da marca de 0% ou 1%.
A derrota de Zé de Abreu deve pôr um fim na carreira do PTN em prefeituras de capitais.
Outro partido nanico que está governando uma capital é o PL, com Alfredo Nascimento, em Manaus (AM). Seu principal adversário é Eduardo Braga, do PPS. Para políticos do Amazonas, é quase certo que haverá segundo turno entre os dois. Além de Manaus, o PPS aspira outras duas capitais: Fortaleza e Palmas.
Na capital do Ceará, a candidata é Patrícia Gomes. Começou a campanha como favorita e agora luta para ir para o segundo turno. Caso não consiga, há chance de outro candidato de uma sigla nanica tomar seu lugar: Inácio Arruda, do minúsculo PC do B.
Em Palmas, os políticos que acompanham a disputa local consideram que a prefeitura ficará entre o candidato do PPS, Raul Filho, e Nilmar Ruiz, do PFL.
Com apenas 76.118 eleitores, Palmas não tem segundo turno. É a menor capital do país com o menor eleitorado.

PT e oposições
"Nós vamos dobrar o nosso eleitorado, vamos dobrar o número de vereadores e aumentar significativamente as cidades que governamos", diz José Dirceu.
Na prática, entretanto, essa previsão de Dirceu precisa ainda ser confirmada no segundo turno em várias cidades importantes.
São Paulo é a maior aposta do PT. Mas as pesquisas apontam que haverá segundo turno.
Em outras quatro capitais que o PT pretende conquistar, a disputa está apertada. Em Aracaju deve haver segundo turno. Em Porto Alegre, há dúvida se Tarso Genro conseguirá definir a eleição hoje.
Em Belém, o petista Edmilson Rodrigues, atual prefeito, luta para conseguir se reeleger no primeiro turno. Em Rio Branco, o PT terá de derrotar o ex-senador Flaviano Melo (PMDB), que disputa a prefeitura com o apoio da maioria das forças antipetistas do Acre.
O PDT governa hoje São Luís (MA) e Porto Velho (RO). Deve manter essas duas capitais, segundo prognósticos do partido. A esperança de reconquistar o Rio, com Leonel Brizola, está afastada -conforme mostram as pesquisas mais recentes.
O outro partido de oposição com presença em capitais é o PSB. A sigla de Miguel Arraes e Luiza Erundina tem hoje as seguintes capitais: Belo Horizonte (MG), Maceió (AL) e Natal (RN). Além dessas três, disputa com chances também Macapá (AP).


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