|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Influência na sucessão presidencial não é determinante
VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quem vai ganhar diz que tem.
Quem está perdendo ou ficando
na mesma diz que não. Essa é a
reação dos principais partidos políticos sobre a influência que a
eleição municipal de hoje pode ter
na sucessão de FHC.
PT e PFL, que estão alardeando
um crescimento de votos e do número de prefeitos, garantem que
saem fortalecidos para 2002.
PSDB, PMDB e PPS, que não estão tendo a mesma sorte, pelo menos até agora, fazem questão de
dizer que o impacto é nulo.
Deixando de lado, porém, as
tentativas de faturar ou minimizar politicamente o resultado, o
fato é que a sua influência sobre a
escolha do próximo presidente é
bastante relativa: ajuda, mas está
longe de ser determinante.
Basta lembrar que o partido de
Fernando Henrique Cardoso,
vencedor das duas últimas eleições presidenciais, não se saiu
bem nas campanhas municipais
anteriores. O PSDB perdeu em
1992 e 1996 nas três principais cidades do país (São Paulo, Rio e
Belo Horizonte), mas ganhou a
Presidência em 1994 e 1998.
Ciro
No momento, a eleição municipal está servindo para tonificar alguns personagens e fragilizar outros. Neste segundo grupo, o destaque é Ciro Gomes, o presidenciável do PPS. O ex-tucano e ex-governador do Ceará jogou todo
seu peso político para eleger sua
ex-mulher, Patrícia Gomes, prefeita de Fortaleza.
O presidente do PPS, senador
Roberto Freire (PE), sai em defesa
de seu pupilo: "Não é de hoje que
falo que a eleição municipal tem
pouquíssima influência na sucessão presidencial".
Apesar da tentativa de Freire de
minimizar uma eventual derrota
de Ciro em sua base eleitoral, os
adversários não se cansam de repetir que o presidenciável do PPS
sai enfraquecido. Entre os tucanos, o fato é comemorado. Dentro do PT, é visto como um trunfo
numa busca de aliança para 2002,
com Lula na cabeça da chapa.
O governador tucano do Ceará,
Tasso Jereissati, outro presidenciável, tem uma frase pronta para
defender seu amigo Ciro Gomes.
"Em três meses esta eleição está
esquecida." É o que ele espera, afinal apóia Patrícia Gomes. E a derrota também deverá ser debitada
em sua conta.
Oposição
Do lado daqueles que garantem
estar ganhando pontos, o PT de
Luiz Inácio Lula da Silva aparece
em primeiro lugar. Hoje, governa
duas capitais. Pode ficar com
mais do que o dobro. Seu eleitorado também vai crescer.
"Vamos ter uma vitória espetacular. Vamos aumentar nossa estrutura nacional, ampliando nossa máquina de atuação, o que será
muito importante na eleição presidencial", avalia o líder do PT na
Câmara, Aloizio Mercadante.
A principal vitória dos petistas
pode ser a conquista da Prefeitura
de São Paulo. Marta Suplicy lidera
as pesquisas e é a favorita no segundo turno. Uma boa administração pode ser usada em 2002.
A prefeitura paulistana é apontada como um trunfo para a sucessão presidencial mesmo por
aqueles que não acreditam que o
pleito municipal possa ter grande
influência na escolha do próximo
presidente.
"A eleição municipal não influi.
A única prefeitura que pode ser
usada na sucessão presidencial é a
de São Paulo", afirma o ministro
tucano Aloysio Nunes Ferreira
(Secretaria Geral da Presidência).
Mas ele faz uma ressalva. "O problema é que ela pode tanto ajudar
como prejudicar, por causa da sequência de más administrações
que arruinaram as suas finanças."
Os petistas concordam. "Vamos
ficar mais expostos, e o primeiro
ano de governo é sempre de austeridade, ainda mais em uma prefeitura falida como a de São Paulo.
Isso pode nos desgastar", afirma o
deputado Mercadante (SP).
Peemedebistas
O PMDB, que no máximo deve
sair da eleição municipal do mesmo tamanho que entrou, tem um
discurso parecido com o do
PSDB, outro que também não está tendo um bom desempenho.
"Não acredito que o PMDB saia
mal da eleição. Mas tudo isso que
estão falando agora será esquecido em três meses. O que vai determinar a eleição presidencial é o
quadro partidário", raciocina o
presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP).
O presidente do PMDB, Jader
Barbalho, lembra ainda como ficou a situação de dois políticos
que na eleição municipal de 1996
conseguiram fazer seu sucessor:
Paulo Maluf, que elegeu Celso Pitta, e Cesar Maia, que fez Luiz Paulo Conde prefeito do Rio.
Na época, lembra Jader, os dois
eram tidos como presidenciáveis.
Não só não disputaram a Presidência, como perderam a eleição
para os governos de São Paulo e
Rio de Janeiro em 1998.
Quem por enquanto não tem
muito do que se queixar, apesar
de seu partido não estar se saindo
bem na eleição, é o presidente
Fernando Henrique Cardoso. "A
oposição quis federalizar a campanha municipal, mas não conseguiu", diz Aloysio.
Ou seja, a oposição prometeu
bater em FHC para ganhar votos,
mas sua imagem sai do primeiro
turno razoavelmente preservada.
Mesmo que isso mude, o eleitor
pode esquecer as críticas que venham a ser feitas a FHC. Basta que
ele consiga fazer a economia crescer para se transformar no principal eleitor de sua sucessão.
Texto Anterior: Projeções apontam equilíbrio entre governistas Próximo Texto: Belo Horizonte: FHC e Cabo Júlio viram centro da disputa Índice
|