|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RIO DE JANEIRO
Governador faz um acordo informal com o prefeito Luiz Paulo Conde e com
o presidente da Assembléia, Sérgio Cabral Filho, para sustentar sua candidatura à Presidência
Garotinho fecha aliança com PFL e PMDB
ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO
A eleição no Rio de Janeiro serviu de palco para a formação de
uma aliança informal entre o governador Anthony Garotinho
(PDT), o prefeito Luiz Paulo Conde (PFL) e o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Sérgio
Cabral Filho (PMDB).
A tríplice aliança tem como horizonte 2002 e garante a Garotinho um ambiente favorável no
Estado para suas pretensões a
concorrer à Presidência da República, embora o governador venha declarando que desistiu da
idéia para tentar a reeleição.
O deputado Sérgio Cabral Filho
costuma dizer que seu futuro político está ligado ao futuro de Garotinho. O bom relacionamento
entre os dois ficou claro em junho, quando o deputado comunicou antes ao governador que ia
desistir de concorrer à prefeitura,
renunciando em favor de Conde.
Na época, Cabral tinha 19% das
intenções de voto, enquanto Conde tinha 13%, segundo o Datafolha. Ele vinha ainda com o cacife
de 378.242 votos na eleição de
1998, que o fizeram o deputado
mais votado no Estado.
O apoio à reeleição de Conde
causou surpresa entre os adversários do prefeito e foi o primeiro fator a alavancar sua candidatura.
Em 1996, quando ainda estava
no PSDB, Cabral disputou a prefeitura e perdeu para Conde, lançado na carreira política pelo então prefeito Cesar Maia, que na
época pertencia ao PFL. O deputado teve 37,8% dos votos válidos.
Conde ficou com 62,2%.
Em troca da atual desistência,
Cabral Filho recebeu de Conde o
apoio público para uma candidatura ao Senado, em 2002, o mesmo momento em que Garotinho
pode estar disputando a Presidência da República.
Neutralizando adversários
O crescimento de Conde, que
chega na votação de hoje em primeiro lugar nas intenções de voto,
agradou a Garotinho, que tinha
como prioridade neutralizar Cesar Maia. O ex-prefeito trocou o
PFL pelo PTB, quando os pefelistas preferiram apoiar a tentativa
de reeleição do prefeito Conde.
O governador nunca escondeu
que ter Maia novamente como
prefeito do Rio seria criar perto de
si um foco de conflitos indesejado, além de dar espaço para alguém que poderia competir com
sua liderança no Estado.
A mesma objeção aconteceu em
relação a Leonel Brizola, presidente do PDT. A direção do partido move um processo de expulsão contra o governador por este
não ter participado da campanha
pedetista na cidade do Rio.
Se a expulsão se confirmar, Garotinho já recebeu sinal verde de
Conde para ir para o PFL e também teve acenos do PMDB de Cabral Filho, mas ele prefere ficar
em uma legenda identificada com
a esquerda, indicando que seu
destino pode ser o PSB.
A parceria de Garotinho com
Cabral é o que garante que todas
as iniciativas do governador sejam aprovadas na Assembléia Legislativa. Entre os 70 deputados
estaduais, a oposição ao governador fica limitada a oito deputados
do PT, dois do PDT e um do PSB.
O controle da Assembléia Legislativa foi um dos fatores que ajudaram o governador a superar, no
primeiro semestre deste ano, a
crise instalada a partir da avalanche de denúncias contra integrantes do primeiro escalão da sua administração.
Cabral, que comanda os 16 deputados peemedebistas e costura
as alianças necessárias com os outros partidos, ultimamente afirma
que resolveu se dedicar à carreira
de político do Poder Legislativo.
Conde faz campanha dizendo
que sua única pretensão é continuar como prefeito da capital,
mas mostra o desejo de fazer seu
sucessor ao ter escolhido como
companheiro de chapa o arquiteto Sérgio Magalhães, seu secretário de Habitação.
Impasse com o PT
Dividido em lutas internas, o PT
não consegue uma unidade que o
credencie a se colocar como força
política frente à tríplice aliança de
Garotinho, Conde e Cabral.
O governador manobra potencializando os choques entre as
correntes petistas. Seu último lance foi ameaçar não apoiar a candidatura da vice-governadora Benedita da Silva, caso ela chegue ao
segundo turno. O apoio à petista
teria sido um item do acordo que
possibilitou a própria aliança que
elegeu Garotinho.
O governador agora diz que o
apoio só é possível se os deputados petistas retirarem do TRE
(Tribunal Regional Eleitoral) uma
representação na qual o acusam
de abuso de poder para eleger
prefeitos no interior.
Os deputados dizem que vão
manter a ação. Está criado um impasse que talvez permita que o governador apóie abertamente Luiz
Paulo Conde na disputa. Mas,
mesmo que mantenha o apoio a
Benedita da Silva, Garotinho já
declarou que não fará críticas ao
atual prefeito.
Texto Anterior: Teresina: Coligação pode conseguir reeleição hoje Próximo Texto: Eleitor escolhe adversário de Conde Índice
|