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RECONCILIAÇÃO
Pessoas estendem faixas de protestos no Palácio da Liberdade
Em Minas, FHC e Itamar selam paz e trocam elogios
João Wainer/Folha Imagem
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FHC é recebido por Itamar Franco no Palácio da Liberdade, onde houve protesto de manifestantes |
PAULO PEIXOTO
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido), pretendem encerrar seus mandatos com a imagem de dois amigos e políticos
que souberam dar a volta por cima para apagar arestas passadas.
Foi com esse intuito que ocorreu o encontro entre eles na manhã de ontem, em Belo Horizonte, quando FHC e Itamar selaram
de vez a paz, agindo como se não
tivessem vivido às turras em pouco mais de três anos, apesar de um
protesto em frente à sede do Executivo mineiro tentar manter tudo isso bem vivo.
Foram rasgados elogios de um
ao outro e declarações enaltecendo o "espírito democrático" do
encontro, conforme ressaltou o
presidente, realizado no "símbolo
da grandeza do espírito de Minas
Gerais", segundo o governador,
que é o Palácio da Liberdade.
O mesmo palácio onde Itamar
ordenou como ato simbólico, no
segundo mandato de FHC, que
fosse cercado e protegido pela PM
mineira de uma ação militar que
ele imaginou que o presidente implementaria para desestabilizá-lo.
Essa reconciliação vai gerar cerca de R$ 1 bilhão ao Estado, que
está em crise financeira, já que
FHC assinou decreto autorizando
que seja feito um encontro de
contas entre o Estado e a União.
FHC definiu isso: "É a busca de
um mecanismo que permite que a
sua gestão [Itamar] seja coroada,
como deve ser".
Mas o presidente disse que sua
ida a Minas não era por este motivo. "Minas é a terra do encontro
democrático", disse, completando mais tarde: "De minha parte,
vocês nunca viram nenhum gesto
que não fosse de tentativa de entender a situação, relevar aquilo
que eventualmente tivesse que relevar. Não sou pessoa de estar
com coisas pequenas".
No seu discurso, Itamar lembrou de FHC como seu ministro
da Fazenda que se "empenhou"
para acabar com a inflação e apagou a idéia, como afirmara nos últimos anos, de que a gestão FHC é
a responsável pelas mazelas da
economia brasileira.
Culpou o mercado pela instabilidade e turbulência. Falou da
"ação inescrupulosa de especuladores". Disse Itamar: "Minas não
faltará ao Brasil neste momento,
como nunca faltou no passado.
Acima das divergências partidárias, trabalharemos para construir a unidade nacional".
Em entrevista, o presidente disse que a ajuda financeira a Minas
não é uma questão política e nem
sequer eleitoral. Disse ser uma
questão de justiça: "Nesta reta final de governo, tudo que for justo
o governo federal fará".
Explicou que tratam-se de demandas antigas, que vinham sendo feitas ainda na gestão do antecessor de Itamar e aliado de FHC,
Eduardo Azeredo (PSDB), rival
do atual governador. E disse que
faz isso também com outros Estados, citando AM, RJ, GO e ES.
Em frente ao Palácio da Liberdade, onde a guarda de honra e
banda de música da PM esperavam o presidente, cerca de 40 pessoas estendiam faixas de protesto:
"Itamar, FHC e Aecinho: tudo por
dinheiro"; "Aécio, Itamar e FHC:
Minas não é um balcão de negócio"; "PSDB nunca mais" e "Itamar, o Judas mineiro" eram algumas das 16 faixas.
Os manifestantes disseram pertencer a um "movimento popular", mas não o identificaram.
Coincidência ou não, o vice-governador de Minas, Newton Cardoso, candidato ao governo, tem
feito duras críticas a Itamar acerca
da sua reconciliação com FHC e
também ao PSDB. Sua assessoria
negou participação no protesto.
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